Código Florestal e Dilma Rousseff

 


A presidente Dilma Rousseff vetou, nesta sexta-feira (25), 12 dos 84 artigos do texto do Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados. Entre os itens suprimidos, foi retirada do texto a possibilidade de anistia a produtores que desmataram suas propriedades após julho de 2008.

Para tornar a legislação mais clara, Dilma ainda vai enviar uma medida provisória ao Congresso Nacional para alterar 32 pontos do Código Florestal. Assim, ela vai reestabelecer a obrigação de recuperação gradual das APPs (Áreas de Preservação Permanente), conforme o tamanho da propriedade.

O prazo para que a presidente sancionasse ou vetasse o texto, aprovado pela Câmara dos Deputados no final de abril, terminava nesta sexta.. 

O texto do projeto de lei aprovado pela Câmara deixou de fora pontos que haviam sido negociados pelo governo durante a tramitação no Senado. Desde então, organizações ambientalistas e movimentos sociais reivindicam o veto integral ou de partes do projeto.

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, exaltou que as mudanças no Código Florestal tem como objetivo a segurança jurídica.
— Nós vamos coroar esse debate sobre o Código Florestal dando muito mais segurança jurídica ao produtor para que ele tenha a certeza de que é possível produzir guardando o meio ambiente. Este não é o código dos ambientalistas ou ruralistas. É daqueles que têm bom senso.

Texto da Câmara

Pelo texto aprovado na Câmara dos Deputados, as propriedades rurais localizadas próximas a pequenos rios de até dez metros de largura teriam que recuperar uma faixa de 15 metros em cada margem. O texto se silenciava quanto a rios mais largos. 

O combate ao desmatamento foi promessa de campanha da presidente Dilma, principalmente durante o segundo turno, quando tentava conquistar os eleitores da então ex-presidenciável Marina Silva.
O Código Florestal tramitou no Congresso Nacional de 2003 a este ano. Hoje era o último dia de prazo para que a presidente vetasse o projeto.

Em Israel, manifestantes pedem expulsão de africanos


Um protesto que se transformou em violência racista em Tel Aviv desencadeou nesta quinta-feira uma grande polêmica sobre a presença em Israel de cerca de 60 mil imigrantes ilegais, a maioria sudaneses e eritreus, que entram no país através do Sinai egípcio.

Na quarta-feira à noite, centenas de israelenses ocuparam as ruas do bairro pobre de Hatikva, localizado no sul de Tel Aviv, aos gritos de "sudaneses no Sudão" e outras frases xenófobas, criticando "as belas almas esquerdistas" que defendem os estrangeiros.

Alguns manifestantes atacaram e saquearam lojas de propriedade de africanos e atiraram pedras em vários carros de imigrantes, informou à agência France Presse o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld.

Roni Schutzer/France Presse
Carro de imigrante africano tem as janelas destruidas por manifestantes em Tel Avivi
Carro de imigrante africano tem as janelas destruidas por manifestantes em Tel Avivi
A polícia prendeu 20 manifestantes e pediu nesta quinta-feira à justiça para estender a detenção de 16 deles, incluindo quatro menores de idade. A polícia também exigiu a prorrogação da prisão de sete outros jovens acusados de envolvimento em ataques contra imigrantes no início desta semana.
Nenhum imigrante ficou ferido e os reforços policiais permaneceram "na área para manter a calma", disse Rosenfeld.

O ministro do Interior, Elie Yishai, líder do partido religioso Shass, não mediu palavras ao afirmar que devemos "colocar atrás das grades" todos os imigrantes ilegais africanos.

"Eles devem ser colocados em centros de detenção e, em seguida, precisam ser enviados para casa, porque eles chegam para tirar o trabalho dos israelenses. Precisamos proteger o caráter judaico do Estado de Israel", afirmou Yishai à rádio militar.

Se o governo não agir, advertiu Yishai, "em breve eles serão meio milhão ou até um milhão".

ÓDIO RACIAL
Segundo dados oficiais, 60.057 imigrantes ilegais entraram em Israel, vindos principalmente do Sudão, Sudão do Sul e da Eritreia.

Na tentativa de deter esta maré, o governo acelerou a construção de um muro ao longo de 250 km de sua fronteira com o Egito, região que corta o deserto do Sinai. As obras devem ser concluídas até o final do ano.

O ministro do Interior considera, no entanto, que esta medida não será suficiente.

"Mesmo que tenha 12 metros de altura, haverá escadas de 13 metros".

Um deputado do Likud, o partido de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Miri Regev, que participou da manifestação de quarta-feira, comparou os imigrantes ilegais com "um câncer que se prolifera".

Danny Danon, outro membro do Likud, tem defendido a deportação imediata dos imigrantes ilegais.

ESQUERDA
Contudo, Ron Huldai, o prefeito de esquerda de Tel Aviv, declarou que "se o governo permite que imigrantes ilegais se estabeleçam em Tel Aviv, é preciso capacitá-los a viver, permitindo-lhes trabalhar".

Na semana passada, o delegado Yohanan Danino também havia declarado que a melhor maneira de combater a criminalidade entre os imigrantes ilegais é capacitá-los para trabalhar.

Yariv Oppenheimer, o líder da associação anti-discriminação A Paz Agora, pediu ao procurador-geral para abrir investigações contra deputados do Likud presentes no evento por "incitação ao ódio racial".

Nesta quinta-feira os jornais falaram sobre o incidente em Tel Aviv: "Raiva, violência e xenofobia em Tel Aviv", foi a manchete do jornal Maariv.

Um dos comentaristas da rádio militar até mesmo falou em "pogrom".
Após uma onda de criminalidade envolvendo imigrantes, seguiu uma discussão acalorada sobre o número de imigrantes africanos ilegais em Israel.

"O fenômeno da infiltração ilegal a partir da África é extremamente grave e ameaça os próprios alicerces da sociedade israelense, a segurança nacional e a identidade nacional", disse Netanyahu no domingo.

Folha de São Paulo

Brasil: el caso de la rubia periodista que se burla del negro pobr


Felippe Ramos

Felippe Ramos es sociólogo, coordinador de la Iniciativa UFBA Latina (INULAT) de la Universidad Federal de Bahía y del Instituto Surear para la Promoción de la Integración Latinoamericana. Fue profesor del departamento de Sociología de la Universidad Federal de Bahía y profesor visitante del Central Arizona College en Casa Grande, Arizona (EE.UU.), como becario de la Fulbright Association. Su área de investigación actual es la integración regional en Latinoamérica y los problemas de la democracia y del desarrollo brasileño y latinoamericano.

La sociedad en red nos presenta a todo el tiempo el tema del día, es decir, los trending topics que deben ser compartidos por toda la prensa y por toda la intelligentsia, llegando, entonces, a todos los ciudadanos medianos que, en tiempos de democracia virtual, tienen siempre una opinión a decir. En Brasil, un asunto muy comentado en las redes sociales en los últimos días ha sido el abuso de una periodista en relación a un detenido por la policía en la ciudad de Salvador en el estado de Bahía.

 La acusación era de robo y de una posible tentativa de violación a una mujer. La periodista, una hermosa joven rubia y con grado universitario, aborda el detenido, un joven pobre, negro y poco instruido. La periodista sabe que está en una posición de ventaja en relación al detenido: la policía, que debía garantizar la dignidad de los ciudadanos bajo su control y que son inocentes hasta que el juzgamiento acontezca, prefiere, sin embargo, garantizar la seguridad de la bella reportera que tiene en su espalda el poder de la prensa. Por lo tanto, y por ser el detenido un nadie social, ella puede hacer lo que desea: disfruta de la diferencia de instrucción escolar para hacer chistes con el detenido, preguntando seguidas veces cómo se llama un examen médico que el detenido sigue diciendo de forma incorrecta. Ella toma el rol de juez y determina que el detenido es culpable por los crímenes. La autoridad policial no hace nada. No hay abogado para proteger el muchacho sin poder. Miles de personas ríen en sus casas. El programa de televisión tiene mucha audiencia.
Programas y hechos como este pasan todos los días en Brasil, principalmente en los estados menos desarrollados (la desigualdad es también un problema regional en el país). Pero a veces hay una gota de agua que hace al vaso derramarse y las redes sociales hacen posible que los movimientos de la gente común tengan consecuencias y repercusión. La periodista en cuestión, en ese sentido, no es peor que tantos otros que hacen el mismo trabajo todos los días, intentando encontrar en las sedes de la policía negros y pobres para hacer chistes en la tele. Pero, de algún modo, ella fue la escogida para la protesta de una parte letrada de la clase media -tal vez por haber esta vez un contraste tan fuerte entre una bella rubia y un negro feo (feo para el mismo patrón que la elige como bella).
A lo largo del día, entonces, miles de personas comparten en las redes sociales imágenes de la periodista con frases en su contra. Sindicatos y asociaciones de periodistas escriben una nota diciendo que no apoyan esa clase de programa en las teles. Profesores afirman que nunca el periodismo en el país ha visto nada parecido antes. En fin, una fuerte ola de acciones virtuales tomó parte considerable de la agenda del día. El debate fue un poco más allá del caso en cuestión: algunos intentaran poner en discusión la realización de programas y entrevistas basados en la explotación de la violencia y de una situación de desventaja de una persona en relación al reportero. Sería, incluso, una cuestión de derechos humanos.
Pero es posible ir aún más allá de la propia prensa y pensar, por un rato, acerca de la estructura social del país que hace posible que docenas de periodistas actúen así; que miles de jóvenes (la mayoría negros) ejerzan algún tipo de violencia (los blancos ejercen los crímenes de cuello blanco); televisores que transmitan esa violencia y ciudadanos que miran esas teles; policias que permiten entrevistas bizarras, y una justicia que no hace nada al respeto.
Hay un mito en Brasil hoy: el mito de que el crecimiento económico podrá sanar todos los problemas sociales del país. Es verdad que hay un fuerte proceso de inclusión social en el sentido de que millones dejaron de ser miserables o demasiado pobres, y ahora tienen las condiciones mínimas de supervivencia. Pero el crecimiento económico por sí solo jamás y en ningún lugar fue suficiente para construir un país justo e bueno para los ciudadanos.
Lo que queda claro es que el crecimiento económico del país es un hecho muy importante, pero jamás posible de ser comprendido o positivamente evaluado sin tener en cuenta las consecuencias que ese crecimiento tiene en el tejido social más amplio; es decir, en la manera en cómo la sociedad organiza su estructura de solidaridad social que permite que los ciudadanos alcancen un nivel satisfactorio y sostenible de bienestar. El clásico sociólogo francés Émile Durkheim decía que no solamente la crisis, sino que también el crecimiento económico acelerado es responsable de deshacer las estructuras sociales que antes ordenaban la vida social. Un tiempo de cambio, por supuesto, es siempre seguido de un período de nuevas acomodaciones, pero, a fin de evitar que el cambio sea hacia la barbarie o el caos, es necesario que la sociedad promueva una democrática discusión sobre el rumbo que desea tomar. Planear el nueva orden social por venir es, por lo tanto, un ejercicio necesario de “utopía realista”, intentando intervenir en los cambios desagradables que vienen, juntos con los cambios positivos.
Si el crecimiento económico es buscado como el fin último deseado por una sociedad, esta sociedad ha perdido lo que es más importante para la vida social, es decir, la capacidad de que la convivencia entre los seres humanos sea capaz de generar el placer de estar juntos -el bienestar-, para lo cual el crecimiento debe ser solamente una herramienta (aunque muy importante).
¿Qué tiene que ver eso con la historia de la periodista?, pueden estar preguntándose mis lectores. Lo que pasa es que solamente una sociedad en la cual el fin moral último es ganar una gran tajada, mientras la mayor parte de los ciudadanos viven en estado de sufrimiento, puede generar programas de televisión que humillen pobres, negros y feos como una forma de divertir a los que tienen razón para reír -los ganadores riéndose de los perdedores.
Mirando de ese modo, el problema no es tan sencillo. No fue simplemente un comportamiento inadecuado de una periodista. Es, asimismo, el patrón de comportamiento social de las clases medias y ricas del país, que siguen sin importarles los “perdedores”, quienes no son comprendidos como iguales, como hermanos, como quienes merecen una oportunidad, derechos, una vida mejor. Son ellos -los perdedores- a los cuales los de arriba pueden explotar, pisar, hacer toda clase de maltratos. La misma línea de explicación para el comportamiento de la periodista puede ser seguida para comprender por qué alguien en un carro no respeta al que tiene que tomar el bus; o por qué los jóvenes en un bar no les importa la suerte del mesero; o por qué los conductores de los carros no se incomodan con los niños viviendo en las calles, etc., etc., etc. Hace falta, entonces, un proyecto nacional.
Hay un mito en Brasil hoy: el mito de que el crecimiento económico podrá sanar todos los problemas sociales del país. Es verdad que hay un fuerte proceso de inclusión social en el sentido de que millones dejaron de ser miserables o demasiado pobres, y ahora tienen las condiciones mínimas de supervivencia. Pero el crecimiento económico por sí solo jamás y en ningún lugar fue suficiente para construir un país justo e bueno para los ciudadanos. Dejado solo, el crecimiento produce islas de felicidad cercadas de miseria por todos los lados -miseria que puede ser económica o social. La ciudad de Salvador, que vive bajo una crisis social aunque insertada en un país en crecimiento económico, es el mejor ejemplo de que es necesario saber usar las oportunidades puestas por la coyuntura para la construcción de la sociedad que queremos. Si queremos una sociedad diferente, claro. De otro modo, podemos seguir mirando periodistas haciendo chistes con los perdedores -las víctimas de nuestro progreso.

Felippe Ramos

Felippe Ramos es sociólogo, coordinador de la Iniciativa UFBA Latina (INULAT) de la Universidad Federal de Bahía y del Instituto Surear para la Promoción de la Integración Latinoamericana. Fue profesor del departamento de Sociología de la Universidad Federal de Bahía y profesor visitante del Central Arizona College en Casa Grande, Arizona (EE.UU.), como becario de la Fulbright Association. Su área de investigación actual es la integración regional en Latinoamérica y los problemas de la democracia y del desarrollo brasileño y latinoamericano.

Grécia vai deixar o euro em 1º de janeiro de 2013, diz Citi


Economista Michael Saunders, do Citigroup, prevê desvalorização da moeda e forte queda na atividade econômica após saída.

Grécia

 
A saída da Grécia da zona do euro tem data marcada: dia primeiro de janeiro de 2013. Esta é a aposta do economista Michael Saunders, do Citigroup.

Em seu relatório, ele diz que, apesar das muitas incertezas, há razões para acreditar que a Grécia deixa a zona do euro no início de 2013, o que deve ser seguido por “uma forte desvalorização da moeda, com forte queda na atividade econômica em 2013 e modesta recuperação mais para frente”.
O economista acredita ainda que o “contágio” de outros países da zona do euro é inevitável e que ele já está acontecendo, em certa medida.

Em resposta à saída da Grécia da zona do euro, o analista prevê que o Banco Central Europeu vai cortar taxas a 0,5% e retomar seu programa de operações de refinanciamento em longo prazo.
O economista do Citigroup antevê ainda um segundo pacote de resgate a Portugal e Irlanda, algum tipo de programa da Troika para a Espanha e suporte aos títulos do governo da Espanha e da Itália.

A saída
De acordo com o analista, o Banco Central europeu garantirá a liquidez dos bancos gregos – substituindo depósitos perdidos – até as eleições de 17 de junho.

Mas o analista não acredita que as eleições serão capazes de produzir um governo viável que possa seguir o plano da Troika, levando a um impasse entre o governo grego e seus credores e à suspensão dos recursos de fundos internacionais.

“As reservas de dinheiro do governo são limitadas e, provavelmente, estarão esgotadas até o final do ano”, prevê o analista.

Em um relatório anterior, Saunders elevou o risco de saída da Grécia da zona do euro para 50% a 75%.

Para ministro mexicano economia brasileira está aquecendo

O secretário de Economia do México, Bruno Ferrari

Ferrari lembrou que o México é o principal exportador da América Latina
Paris - O secretário de Economia do México, Bruno Ferrari, ressaltou nesta quarta-feira que seu país tem um crescimento saudável sem os riscos de aquecimento econômico que, segundo sua opinião, demonstram Brasil e Argentina, e atribuiu isso a um modelo "mais ordenado" e "um ambiente mais robusto".

"Nosso crescimento não tem riscos de reaquecimento", ressaltou Ferrari em entrevista coletiva em Paris, onde participava da reunião ministerial anual da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Destacou que a inflação nos últimos quatro anos foi a mais baixa em quatro décadas, e em discurso com uma clara abordagem eleitoreira defendeu a ação de seu governo, e em particular os resultados do comércio exterior.
Ferrari lembrou que o México é o principal exportador da América Latina e o 10º em nível mundial, que em 1993 o comércio exterior representava 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e agora 66%, e que seu ritmo de progressão é de 10%, três vezes maior que o conjunto da economia.

Grã-Bretanha tem recessão e contração maior que a prevista

Construção

A revisão foi provocada por uma queda mais importante do que o anunciado anteriormente no setor da construção, de 4,8%, a pior registrada pelo setor em 11 anos
Londres - A economia do Reino Unido registrou uma contração maior que a prevista no primeiro trimestre de 2012, de acordo com a segunda estimativa do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) que confirma a recessão técnica.

O Produto Interno Bruto (PIB) britânico caiu 0,3% entre janeiro e março, contra 0,2% anunciado mês passado, depois de ter sofrido um primeiro retrocesso de 0,3% no último trimestre de 2011.
A recessão é definida tecnicamente como dois trimestres consecutivos de contração da economia.
A revisão foi provocada por uma queda mais importante do que o anunciado anteriormente no setor da construção, de 4,8%, a pior registrada pelo setor em 11 anos.

'Novo petróleo' promete mudar mapa geopolítico da energia

Novas tecnologias para explorar petróleo e gás prometem revolucionar o mapa geopolítico da energia, segundo especialistas no setor.

Perfuração da Chevron em reservas de xisto da Polônia, em foto de 2011 (Reuters)
Imagine um mundo em que os Estados Unidos não se importam tanto com o que acontece no Oriente Médio – porque abastecer as frotas de Nova York ou Chicago não depende de um combustível vindo do Iraque ou da Arábia Saudita. O poder da influente Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está esvaziado. A Europa não precisa do gás russo e a China não está tão preocupada em financiar regimes africanos para garantir sua fatia da produção local de combustíveis fósseis.

É mais ou menos esse o cenário de médio prazo pintado por consultorias e especialistas entusiasmados com novas tecnologias, que permitem a exploração de reservas de gás e petróleo de difícil acesso ou cujo produto precisa passar por processos químicos específicos antes de ser utilizado. São os chamados combustíveis fósseis "não convencionais".
Eles apontam que não só as fontes de petróleo e gás não devem se esgotar em um futuro próximo – como previam estudos proféticos das últimas décadas –, como a distribuição geográfica das novas reservas é muito mais democrática, o que favorece grandes consumidores.
"Até pouco tempo, eram dominantes as previsões de que os países importadores aumentariam sua dependência do Oriente Médio e não haveria solução para altos preços do petróleo", diz o geólogo e economista Robin Mills, autor do livro O Mito da Crise do Petróleo (The Mith of the Oil Crisis) e consultor em Dubai.
"Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, ganham força expectativas de que, ao menos no médio prazo, os preços dos combustíveis fósseis voltem a cair, países que eram importadores de recursos energéticos se tornem autossuficientes ou até exportadores e a OPEC seja mais pressionada a revisar suas práticas", disse à BBC Brasil.
São muitas as tecnologias que estão ajudando a traçar um novo mapa da energia no mundo. A começar pelas que permitem a exploração de petróleo em águas profundas – caso do pré-sal brasileiro. Outro exemplo é o aproveitamento do petróleo arenoso – encontrado em Alberta, no Canadá – também só é possível graças ao aprimoramento de processos físicos e químicos que purificam esse petróleo de baixa qualidade.
Exploração de combustível na Pensilvânia, EUA (Reuters)A técnica que mais desperta entusiasmo, porém, é de longe a relacionada à exploração do petróleo e, principalmente, do gás de xisto, obtidos a partir da rocha de mesmo nome. Segundo o especialista do mercado de petróleo Daniel Yergin, trata-se da maior invenção da área de energia da década.
EUA se tornaram autossuficientes na exploração do xisto e pensam em exportar
Em centros de estudos e consultorias especializadas, o termo "revolução do gás de xisto" já virou corrente, e a respeitada Agência Internacional de Energia (AIE) chegou a perguntar em um relatório no ano passado: "Estaríamos entrando na 'era dourada do gás'"?

'Revolução do gás'
A causa do entusiasmo está relacionada aos bons resultados obtidos na exploração desse recurso nos Estados Unidos. Até 2008, os americanos importavam cerca de 13% do gás consumido no país do Canadá, segundo um relatório da consultoria KPMG.
Hoje, com a exploração das reservas de xisto, não só o país se tornou autossuficiente, como já pensa em exportar. Para completar, o preço do produto está caindo de forma acentuada, com os custos de extração cobertos pela venda de outros produtos químicos produzidos no processamento do gás.
"Nesse cenário, não é de se estranhar que hoje uma das grandes corridas tecnológicas nos Estados Unidos seja para desenvolver e aprimorar meios de transporte a gás, permitindo a redução do consumo de petróleo convencional", diz Frank Umbach, especialista em segurança energética do Centre for European Security Strategies, com sede em Munique.
Reservas de gás de xisto são exploradas na Pensilvânia, na Louisiana e no Texas e já representam 30% do consumo de gás no país. Já o petróleo de xisto é produzido em Dakota do Norte e no Texas.
As expectativas criadas por tais mudanças também ajudam a explicar por que a Argentina expropriou neste mês a petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, que explorava as reservas de petróleo e gás de xisto nos campos de Vaca Muerta.
"A percepção de que essa nova fonte de combustível fóssil pode mudar significativamente a posição dos países no mercado de energia cria um senso de urgência com relação a exploração desses campos", explica Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em São Paulo. "A Argentina pedia mais investimentos para avançar nessa corrida, mas o governo continua limitando o preço cobrado pela energia internamente, o que reduz o interesse das empresas."

Tecnologias cruciais

Duas tecnologias foram cruciais para viabilizar a exploração do gás de xisto. A primeira é a técnica de perfuração horizontal, que permite o aproveitamento de reservas espalhadas por grandes áreas geográficas, mas pouco profundas. A segunda é a de fraturamento hidráulico, que consiste no bombeamento de uma mistura de água, areia e produtos químicos para dentro dos poços de exploração.
Vaca Muerta, na Argentina, também é fonte de xisto
Campos de Vaca Muerta, na Argentina, também são fonte de xisto
O impacto produzido por esse jorro de alta pressão produz pequenas fissuras nas rochas, liberando o gás que é canalizado para os dutos.
A exploração de petróleo de xisto (na realidade, um óleo semelhante mas não idêntico ao petróleo convencional) é um pouco diferente. Ás vezes esse combustível líquido é encontrado entre as rochas, mas em geral ele é produzido com o aquecimento do xisto.
Para o especialista em petróleo e energia Jed Bailey, da Energy Narrative, nos EUA, o que faz do xisto um dos motores de uma revolução na geopolítica da energia é a forma democrática como essas rochas estão distribuídas geograficamente.
Reservas desse material estão sendo encontradas de norte a sul do globo, em todos os continentes. Por enquanto, as maiores estão na China, Argentina, México, África do Sul, Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas também há reservas na Colômbia, França, Polônia e Grã-Bretanha, entre outros países. No Brasil, a Petrobrás produz petróleo de xisto no Paraná.
Pires chama a atenção para o fato de que Estados Unidos e China, países que lideram o ranking de consumo de energia no mundo, também concentram algumas das maiores reservas. "O gás de xisto e todas essas outras fontes não convencionais alimentam as esperanças de importadores de energia de reduzirem sua dependência de exportadores problemáticos ou instáveis", explica.
Para Bailey, no caso dos EUA, uma diversificação para além do petróleo tradicional poderia fazer com que, no longo prazo, houvesse menos justificativa e apoio político para interferências no Oriente Médio, por exemplo. "No entanto, isso não quer dizer que a região sairia de vez do radar americano, por causa da sua influência na formação de preços no mercado global de energia", diz.

Problemas ambientais

"Mesmo que o gás de xisto substitua o carvão e o petróleo, fontes de energia mais sujas, não deixa de ser uma fonte suja também, porque sua queima emite poluentes"
Jed Bailey, especialista em petróleo e energia da Energy Narrative (EUA)
Há algumas ressalvas importantes no que diz respeito a exploração desses combustíveis fósseis não convencionais. A primeira é a questão dos altos custos, que fazem com que a utilização de muitas dessas tecnologias só se justifique se os preços de seus produtos se mantiverem em um patamar relativamente elevado.
Um segundo porém é que o sucesso da exploração dessas novas fontes de petróleo e gás desanima a busca de fontes de energia renováveis e usos mais eficientes de energia. O petróleo não convencional é tão poluente quanto o convencional.
"E mesmo que o gás de xisto substitua o carvão e o petróleo, fontes de energia mais sujas, não deixa de ser uma fonte suja também, porque sua queima emite poluentes", explica Bailey. "Além disso, com o preço do gás caindo, a energia eólica ou solar hoje parece cada vez menos vantajosa."
No caso da exploração de gás de xisto, outro agravante é que ainda não há clareza sobre os riscos de contaminação do lençol freático pelos produtos químicos usados em sua exploração. Também acredita-se que o gás liberado no processo de extração possa causar pequenas explosões subterrâneas e tremores, embora a tese ainda não esteja comprovada.
Por causa dessa preocupações, a França foi o primeiro país a proibir as técnicas de fraturamento hidráulico, em julho de 2011, banindo até pesquisas nessa área. Na Grã-Bretanha, grupos ambientalistas têm se oposto a exploração de uma reserva em Lancashire, embora uma comissão no Parlamento tenha avaliado a técnica como segura. “Existe uma corrida por essas novas tecnologias por questões de conveniência econômica e interesses geopolíticos, mas isso não quer dizer que elas sejam sustentáveis do ponto de vista ambiental”, diz Pires.

Comércio entre Ásia e América Latina cresceu 20% anual desde 2000


WASHINGTON, 4 Mai 2012 (AFP) -O comércio entre América Latina e as economias asiáticas cresceu 20,5% anualmente desde 2000, até totalizar 442 bilhões de dólares em 2011, atrás apenas do comércio da região com os Estados Unidos, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira.

Apenas algumas economias dos dois lados do Pacífico detêm a maior parte desse comércio, segundo o estudo conjunto entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD).

Noventa por cento do comércio asiático com a região é protagonizado por China, Japão, Coreia do Sul e Índia. Do lado latino-americano, 80% são divididos por Brasil, México, Chile e Argentina.

A América Latina mantém a Ásia como seu segundo parceiro comercial no nível mundial, com 21% do total de suas exportações e importações, atrás dos 34% com os Estados Unidos.

Em contrapartida, a América Latina representa apenas 4,4% do comércio asiático, o dobro de há uma década.

Apesar de "profundas mudanças estructurais" nas duas regiões, o aumento sustentado do comércio bilateral "continua dominado pelas matérias-primas", completou texto.

"A severa falta de recursos da Ásia, e sua acentuada vantagem competitiva em manufaturas sugere claramente que esse comércio (...) dominará a relação durante décadas", disse um dos autores do estudo, Mauricio Moreira.

Desde 2004, países das duas regiões negociaram 18 acordos de livre comércio, outros quatro adicionais já foram assinados, enquanto oito estão em fase de negociação.         

Hollande e Obama concordam sobre importância do crescimento econômico

WASHINGTON - O novo presidente francês, François Hollande, afirmou que ele e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram que o crescimento deve ser uma prioridade na zona do euro, mesmo que os países precisem adotar medidas para controlar seus gastos. Os dois líderes se encontraram pela primeira vez, nesta sexta-feira, antes da reunião do G-8, em Camp David, Maryland, três dias após Hollande assumir a presidência da França.
Pablo Martinez Monsivais/AP
No famoso Salão Oval, na Casa Branca, François Hollande e Barack Obama conversam
As duas autoridades se reuniram durante mais de uma hora, na Casa Branca, e, além do crescimento econômico, também conversaram sobre o Irã, Grécia e Afeganistão.

Hollande disse também concordar com Obama em relação ao fato de que Teerã não deve possuir armas nucleares. Sobre o Afeganistão, Hollande lembrou sua promessa de campanha de retirar as tropas francesas do país do Oriente Médio até o fim de 2012. Tal medida tem gerado incerteza sobre o papel da França na região. O presidente francês disse que seu país apoiará o Afeganistão de outras maneiras, porém não especificou quais seriam elas.
O antecessor de Hollande, Nicolas Sarkozy, era um aliado próximo de Obama, particularmente em relação às sanções contra o Irã por seu programa nuclear. O assunto estará na pauta do G-8. Os líderes ficam reunidos até amanhã.
(Dow Jones)

Merkel sugere à Grécia referendo sobre a permanência do país no euro

ATENAS - A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, propôs, nesta sexta-feira, que a Grécia faça um referendo sobre a sua permanência na zona do euro, em uma mensagem aparentemente destinada aos gregos sobre o seu compromisso com o duro programa de austeridade que a Europa exige em troca de nova ajuda.

A premiê da Alemanha, Angela Merkel

Thomas Lohnes/APMerkel levantou a questão em uma conversa por telefone com o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, no qual ela também disse que a União Europeia continua a dar suporte ao programa de ajuste da Grécia e está preparada para discutir medidas de crescimento para aliviar a profunda recessão que atinge a economia grega.

Os detalhes da conversa foram divulgados em um comunicado emitido pelo governo provisório do primeiro-ministro Panagiotis Pikrammenos, que foi informado do teor da conversa nesta manhã. Na nota divulgada pelo escritório do premiê, Merkel sugeriu a Papoulias que a Grécia “realize um referendo em paralelo às eleições, propondo a questão aos cidadãos gregos, sobre o quanto eles desejam permanecer na zona do euro”.

A sugestão ocorre um dia depois que Pikrammenos tomou posse como primeiro-ministro interino, com a missão de conduzir o país até a realização de novas eleições gerais em junho.

A proposta gerou reações imediatas dos três maiores partidos gregos, o conservador Nova Democracia, o radical de esquerda Syriza e o Socialista (Pasok). Todos condenaram Merkel por interferir nos assuntos domésticos da Grécia.

Em Berlim, uma porta-vez de Merkel negou que a premiê tenha sugerido ao presidente grego a realização de um referendo sobre sua permanência na zona do euro junto com as eleições gerais em junho. “A informação reportada de que a premiê tinha sugerido um referendo ao presidente grego Karolos Papoulias está errada”, disse a porta-voz.

O escritório do presidente grego reafirmou que a Merkel fez a proposta durante a conversa dos dois líderes.
(Dow Jones Newswires)

De olho no sonho brasileiro

Valor Econômico

O americano Christopher Kohl fez MBA na FIA, em inglês. Logo depois, começou a trabalhar na filial paulistana da consultoria Grant Thornton. "O curso me ajudou a conhecer o mercado e a fazer contatos"
Regis Filho/Valor / Regis Filho/ValorSexta maior economia mundial, alvo de grandes investimentos e com uma enorme carência de mão de obra qualificada, o Brasil vem se tornando o centro das atenções para executivos de todo o mundo que buscam boas oportunidades profissionais. As expectativas otimistas, porém, podem ser frustradas. O país tem um mercado reconhecidamente fechado para estrangeiros- a falta de domínio do português e de conhecimento sobre os negócios locais ainda são barreiras. Buscando contornar esse desafio, profissionais da Europa e dos Estados Unidos estão apostando nos cursos de MBA ministrados em inglês para abrir portas para trabalhar por aqui.

Um exemplo é o aumento da procura pelo curso International MBA Full Time na Fundação Instituto de Administração (FIA). No último ano, o número de candidatos estrangeiros cresceu 30%. O programa dura um ano e tem aulas em período integral. Metade da turma de 30 pessoas é formada por alunos de fora. "O objetivo é manter esse equilíbrio para fazer com que exista uma troca de experiências", afirma James Wright, coordenador do Programa de Estudos do Futuro da FIA. Segundo ele, boa parte dos alunos internacionais espera poder conquistar um emprego no país com o MBA.
Esse é o caso do americano Christopher Kohl, que conseguiu o posto de gerente na filial paulistana da consultoria Grant Thornton quase imediatamente após concluir o MBA na FIA. Com experiência internacional prévia - ele já atuou nos Estados Unidos, Caribe, Uruguai e Montenegro, na ex-Iugoslávia -, ele decidiu tentar trabalhar no Brasil depois de ter visitado o país como turista durante 12 anos. "Dois anos atrás, estava procurando uma oportunidade em São Paulo e achei que um programa de MBA seria interessante", conta. Então sem fluência no português, Kohl optou pelo curso em inglês, mas com enfoque no ambiente de negócios do Brasil. "Ele me ajudou a aprender mais sobre o mercado local e a fazer contatos", diz.

Executivos experientes como Kohl, porém, não são os únicos que têm se animado a investir em educação continuada no país. De acordo com Julia Pacheco, coordenadora de relações internacionais da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), tem havido um notável aumento da procura por parte de profissionais estrangeiros com até três anos de experiência. Geralmente, eles optam pelo mestrado profissional de dupla titulação, em inglês. "Como temos parcerias com 26 universidades, eles vêm de diversos países", explica. A escolha de fazer parte do programa no Brasil, segundo Julia, é motivada pela esperança de entrar depois no mercado de trabalho. A prova disso tem sido a alta demanda por parte de universidades parceiras em transferir estudantes para temporadas no Brasil. "Isso cresceu tanto que precisamos recusar alunos de intercâmbio", diz Julia.

Mariana Barros, sócia-diretora da Differänce, consultoria especializada em assistência a expatriados, diz que usar os estudos como porta de entrada pode ser mais difícil do que parece. Segundo ela, os estrangeiros têm uma visão romântica do país. "Eles são atraídos por notícias de crescimento, mas na prática, precisam lidar com burocracia, diferenças culturais e altos custos de vida".

Ao decidir fazer um MBA em São Paulo em 2010, a executiva tcheca Hana Mrkvickova estava animada com a possibilidade de trabalhar no país e assim conhecer melhor a cultura de negócios latino-americana. Os objetivos profissionais foram alcançados - Hana fez um estágio durante o curso e, logo depois, conquistou uma posição na FBM Consulting, graças a um projeto feito durante o MBA. Ela, no entanto, se surpreendeu com a dificuldade em obter visto de trabalho e com os altos preços de produtos e serviços. "Por essa razão, precisei começar a trabalhar o mais rápido possível", diz.

A decisão de vir ao Brasil para estudar e só depois tentar um trabalho, no entanto, deu certo. "Foi mais fácil começar como estagiária e depois apresentar o projeto de consultoria. Assim, o mercado pôde me conhecer melhor", diz.

Movimentos como o de Hana, segundo Mariana Barros, ainda são exceção. O maior volume de transferências internacionais, segundo ela, é de empresas que trazem profissionais de outras unidades de negócios no exterior. Os cursos, no entanto, podem ser uma boa chance de conhecer o Brasil e se familiarizar com a cultura e o mercado de trabalho local.

As escolas de negócios brasileiras, entretanto, não são os únicos alvos dos executivos que pretendem trabalhar no país. O crescimento do interesse pela região fez com que instituições de ensino internacionais como a UCLA Anderson School of Management e a Iese Business School também desenvolvessem programas com foco na América Latina. O objetivo é promover uma imersão dos alunos em temas como macroeconomia, cultura empresarial e o 'jeitinho' de fazer negócios no Brasil.
No mês passado, 20 alunos da UCLA Anderson se dividiram entre São Paulo e Rio de Janeiro com o objetivo de visitar empresas brasileiras como Vale, Itaú e Odebrecht e conhecer um pouco mais do 'país por trás do mito'. A comitiva é parte do módulo brasileiro do programa Global Executive MBA for the Americas, uma parceria entre a UCLA e a Universidad Adolfo Ibañez, do Chile. O curso, que está em sua primeira turma, se divide em módulos ministrados em Los Angeles, Miami, São Paulo, Rio e Santiago. "Os alunos querem estar onde há crescimento, por isso precisamos incluir mercados como o Brasil e a China nos programas globais", justifica a reitora Judy Olian. Desde 2004, a UCLA já possui programa similar na Ásia.

A maior parte dos alunos do programa da UCLA estava no Brasil pela primeira vez, mas com grandes expectativas. No caso do engenheiro Christopher Meanz, gerente geral da chilena SW Factoring, o programa pode ser útil não só para fazer negócios, mas para ajudar a conquistar uma futura posição no país. "É um mercado gigante e cheio de oportunidades", diz.

Yerling Vallejos, gerente de franquias da Yum! Brands International na Flórida, diz que um MBA com módulos no Brasil faz o executivo estrangeiro se familiarizar com o país. "Minha empresa tem negócios por aqui, então tenho chance de tentar um posto no futuro. O curso é o primeiro passo."

No caso dos estudantes latino-americanos, a opção por um MBA no Brasil ainda tem como vantagem a proximidade cultural e geográfica. "A possibilidade de viajar para o Brasil ao invés dos Estados Unidos é uma ótima oportunidade", afirma Érica Rolim, diretora do Iese Executive MBA, programa que está abrindo a primeira turma no país. Dentre os candidatos estão peruanos, chilenos e uruguaios, além dos espanhóis e portugueses. O curso de 20 meses será em inglês, português e espanhol. "O lançamento de um MBA Executivo com perfil global é uma resposta às novas exigências do ambiente de negócios do Brasil", diz.

A reitora Judy Olian, da UCLA, explica que é visível o aumento do interesse dos alunos em trabalhar em mercados 'menos tradicionais'. "Depois da recessão de 2008, as pessoas reconheceram que as oportunidades estão distribuídas pelo mundo e as carreiras estão mais globais."

Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de terras raras do planeta

Mas País não explora material usado em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção de gasolina e em painéis solares


O Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de terras raras do planeta, mas, hoje, praticamente não explora esses recursos minerais, usados em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção de gasolina, e em painéis solares. Estimativas da agência US Geological Survey (USGS), dos Estados Unidos, apontam que as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas de terras raras. De olho no potencial brasileiro, a Fundação Certi, de Santa Catarina, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Rio de Janeiro, estão se articulando para dar apoio à iniciativa privada, caso o Brasil decida explorar esses recursos minerais e entrar no mercado, hoje dominado pela China, responsável por 95% da produção e dona de 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais.
Mercado é dominado pela China, com 95% da produção e 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de terras raras é de
US$ 5 bi/ano; preços no mercado internacional praticamente triplicaram
“Estamos nos estruturando para, caso alguém se interesse por entrar na mineração, a gente poder apoiar as iniciativas. Temos alguns projetos de pesquisa, mas começamos devagar porque se não amadurecer a mineração de terras raras no Brasil, não tem sentido a gente investir em pesquisa e desenvolvimento para exploração e produção”, afirma Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT. Como parte da ação das entidades acadêmicas de colocar o assunto em discussão e contribuir para o debate, Landgraf publicou um artigo no jornal Valor Econômico no dia 13 de abril, chamando a atenção para o potencial brasileiro.
Nos 3,5 bilhões de toneladas de terras raras, após os processos industriais que concentram e separam os elementos químicos que ocorrem de forma agregada nos minérios, há 52,6 milhões de toneladas de metal. Essa estimativa do USGS consta no documento “The Principal Rare Earth Elements Deposits of the United States – A Summary of Domestic Deposits and a Global Perspective (2010)” [Os principais depósitos de elementos terras rara nos EUA – Um resumo dos depósitos domésticos e uma perspectiva global]. Com base em dados do geólogo da CPRM, Miguel Martins de Souza, publicados em revista científica especializada, a USGS calculou também que a reserva de 2,9 bilhões de toneladas de terras raras na mina de Seis Lagos resultariam em 43,5 milhões de toneladas de metal contido. Em Araxá (mina explorada pela Vale) haveria o segundo maior depósito brasileiro: a estimativa dada pelo documento é de 450 milhões de toneladas de terras raras e 8,1 milhões de metal contido para essa mina.
17 elementos químicos

As terras raras são 17 elementos químicos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. São agrupadas em uma família na tabela periódica porque ocorrem juntos na natureza e são quimicamente muito parecidos. Também têm como característica comum os nomes complicados: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio. Apesar do nome sugerir, não são tão raros como o ouro, por exemplo. Se até poucos anos atrás não compensava para o Brasil entrar no setor, por não haver condições de competição com a China, o potencial das reservas brasileiras e o aumento dos preços das terras raras no mercado internacional podem tornar o negócio economicamente viável, defende o diretor do IPT.
Preços em disparada

Os preços no mercado internacional praticamente triplicaram, segundo Landgraf. O óxido de neodímio em janeiro de 2009 custava US$ 15 o quilo; em janeiro de 2011, atingiu o valor de US$ 150 o quilo. “Na hora em que o preço sobe tanto, o que não era economicamente viável há três anos pode se tornar viável no presente. E o Brasil está na posição de ter a maior reserva de terras raras no planeta”, aponta. Algumas reservas do Brasil são bem conhecidas, particularmente as de fosfato em Poços de Caldas, Araxá e Catalão. As terras raras estão contidas nos rejeitos da mineração de fosfato. “São minas que não estão mais na fase de pesquisa mineral, mas de pesquisa de viabilidade econômica: sabemos quanto tem, mas é viável economicamente concentrar?”, explica Landgraf. As terras raras estão misturadas a outros materiais. Além de separá-los, é preciso concentrar os minérios para obter um volume significativo, semelhante ao que ocorre com o urânio, por exemplo.
A US Geological Survey estima que as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas de terras raras; Fundação Certi (SC), IPT (SP) e Centro de Tecnologia Mineral (RJ), estão se articulando para dar apoio à iniciativa privada no País O aumento de preços das terras raras está diretamente relacionado ao que ocorreu no mercado chinês, explica Landgraf. A preocupação com o meio ambiente aumentou muito na China nos anos mais recentes e o governo tem pressionado as empresas a melhorarem suas práticas. Os produtores de terras raras estão sendo duramente atingidos, pois é uma atividade que causa elevado impacto ambiental na China. “Quando o governo chinês pressionou para organizar o aspecto ambiental da produção, muitas minas e pequenas empresas de processamento fecharam, diminuindo a oferta”, acrescenta.
Além dessa contração no fornecimento, o mercado chinês não para de crescer e o consumo de terras raras da China aumentou muito mais do que o consumo do resto do mundo. “A China era exportadora porque não consumia muito, mas o aumento da demanda interna faz sobrar menos terras raras para serem exportadas”, aponta. Há suspeita também de que os chineses estão adotando cotas de exportação, o que motiva outros países a comprarem mais desses minérios para estocar. No ano passado, a China deu uma amostra de seu controle sobre o fornecimento de terras raras: embargou as exportações de terras raras para o Japão, em represália pela prisão de um comandante de um barco de pesca chinês em uma área marítima disputada por ambos os países. Os japoneses tiveram problemas, já que sua indústria é sustentada em produtos de alta tecnologia que usam as terras raras.
Prioridade nos EUA

Diante desse panorama, os Estados Unidos, por exemplo, já elegeram as terras raras como recursos críticos para sua economia, igualmente baseada na produção e venda de produtos de alto conteúdo tecnológico. A empresa Molycorp Minerals, com operações na Califórnia, está investindo US$ 200 milhões para recolocar sua fábrica em operação.
Articulações no Brasil

No Brasil também se observa alguma movimentação. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, conversa com a Vale sobre a possibilidade de a mineradora entrar no negócio, algo que precisará do apoio do governo, de condições de financiamento favoráveis, melhoria no transporte e logística e de investimentos em P&D para que o empreendimento possa competir com a produção chinesa, como apontou reportagem do jornal Valor Econômico de 11 de maio. “Cerca de 10 empresas no Brasil estão discutindo o tema [entrar na produção de terras raras]. A Vale é citada por ser a maior, mas há outras interessadas, que não se manifestam publicamente”, conta o diretor do IPT.
Outra iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) está na negociação de um acordo de cooperação técnica em inovação com a Alemanha, pelo qual a projetos pilotos de produção de superimãs, que usam terras raras, receberia apoio do Instituto Fraunhofer, conforme a citada reportagem do jornal paulista. Outra iniciativa do governo, e que ganhou pouco destaque até agora, é a da empresa CPRM Serviços Geológicos do Brasil, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Ela começou a executar em 2011 o projeto “Avaliação do Potencial dos Minerais Estratégicos do Brasil”, que vai identificar novas áreas em todo o território brasileiro onde pode haver ocorrência de terras raras. O projeto deve durar três anos e receber R$ 18,5 milhões em recursos, vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Somente em 2011 o governo planeja investir quase R$ 2,4 milhões no projeto, segundo a CPRM.
Landgraf afirma que as tecnologias para mineração e processamento de terras são dominadas. “A gente já soube fazer, no passado, e temos competência para produzir terras raras. Não há um desafio tecnológico intransponível”, prossegue. Ele recorda que o Brasil fez superimãs na década de 90. “Havia cinco grupos de pesquisa, pelo menos, fazendo superimã, isso foi meu tema no doutorado. Chegamos a ter uma empresa produzindo superimãs; ela quebrou em 1994”, comenta. Para o diretor do IPT, o problema é econômico. “A questão é saber se alguém tem cacife para montar uma empresa no Brasil, ou se podemos fazer um conjunto de empresas entrar no ramo, e enfrentar um possível dumping chinês”, analisa.
'Temos competência para produzir terras raras. Não há um desafio tecnológico intransponível', afirma Fernando Landgraf, diretor
de inovação do IPT
Do ponto de vista da pesquisa e do desenvolvimento, Landgraf explica que seria preciso estudar a produção em escala industrial. “A gente fez coisas em escala laboratorial, não em escala comercial. Então, se houver decisão empresarial e do governo e o País entrar nesse setor, o próximo desafio é fazer a escala piloto dos processos para chegar à escala industrial”, diz. Ele acrescenta que hoje o Brasil tem instrumento para financiar as plantas industriais previstas em projetos de P&D que operem em escala piloto, como é o caso do Funtec, programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Landgraf defende que o Brasil não seja um mero exportador de minerais, mas que desenvolva toda a cadeia de produção. Começa com a mineração e concentração das terras raras, etapas de menor valor na cadeia. A seguir passa pela indústria química, responsável por fazer a etapa de separação. “Não existe imã de terras raras, existe imã de neodímio. As terras raras são quimicamente parecidas, então precisa separar uma da outra”, explica. “A tecnologia necessária é relativamente sofisticada, mas sabemos fazer em universidades, institutos de pesquisa”, prossegue. Ele comenta que, no passado, havia grupos de pesquisa na USP, no Cetem, e em outros centros que faziam, em laboratório, a separação, mas tudo se desarticulou nos anos 1990, quando a China começou a praticar preços baixos no mercado internacional. “São Paulo tem tradição nisso, tínhamos a empresa Orquima, que depois foi adquirida pela Nuclebras e passou a se chamar Nuclemon, posteriormente incorporada pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB)”, recorda.
O mercado para venda de terras raras é crescente. Hoje, o mundo consome 150 mil toneladas por ano de terras raras, de acordo com o diretor do IPT. O neodímio, elemento químico mais usado dentro desse grupo, está presente nos superimãs. Estes, por sua vez, são cada vez mais usados em motores que precisam ter dimensões pequenas, como os que regulam bancos e espelhos em automóveis mais luxuosos. “São imãs que permitem miniaturizar os motores. Esse mercado vai crescer muito”, aponta Landgraf. O gerador de energia eólica pode ser feito com os superimãs, outro nicho de aplicação que se expande com a necessidade de fontes renováveis de energia.
O lantânio é usado para fabricar gasolina. Numa das etapas de produção do combustível na refinaria, os gases passam por cima de um catalisador de óxido de lantânio, que promove a junção das moléculas que formam a gasolina. “O Brasil consome 1.000 toneladas por ano de lantânio. Não é um grande mercado, mas se não tivermos lantânio, não fabricamos gasolina. Somos dependentes da China”, destaca. Os outros 12 elementos que formam o grupo terras raras são usados em menor quantidade em várias aplicações. O óxido de cério, por exemplo, é usado para polir lentes de óculos.
Nos leds brancos, que estão substituindo lâmpadas fluorescentes porque consomem menos energia, também se usa óxidos de terras raras. “O laser é verde, azul ou vermelho. Para obter a luz branca, o laser bate numa camada fluorescente branca e quem gera essa luz branca é uma mistura de óxidos de terras raras aplicada aos leds”, explica. “Se o mercado de leds for crescer como indicam as projeções, será preciso muita terra rara”, afirma.

Na véspera da cúpula do G8, EUA pressionam Europa a combater melhor a crise

Entre os diversos temas da reunião deste fim de semana, estão a crise do euro e a segurança alimentar na África. Apesar de ter sentido questionado, G8 representa 15% da população mundial e dois terços da economia global.

Antes da cúpula do G8 que começa nesta sexta-feira (18/05), o país anfitrião Estados Unidos pediu que a Europa atue com mais firmeza no combate à crise econômica e financeira. De acordo com o porta-voz do governo norte-americano Jay Carney, o presidente Barack Obama está insatisfeito com os europeus há muito tempo, pedindo mais apoio para estimular o crescimento econômico.

Os europeus sinalizaram que responderão às críticas dos EUA nesta sexta-feira e sábado, no  encontro dos oito principais países industrializados do mundo (G8) – EUA, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Itália, Alemanha e Rússia. "Colocaremos as coisas em seu devido contexto político e econômico", declarou um diplomata da União Europeia (UE), em Bruxelas.

De acordo com o representante europeu, há realmente diferenças de crescimento dentro da UE, com alguns países em recessão e outros crescendo, como a Alemanha.

Por seu lado, representantes do bloco apontaram para os problemas orçamentários norte-americanos. Enquanto os EUA e o Japão têm déficits de orçamento superiores a 8% do Produto Interno Bruto (PIB), a zona do euro terá uma média de 3% neste ano.

Petróleo
Obama pede aos europeus mais apoio para estimular crescimento econômico

O tema petróleo também deverá ser enfocado nesta cúpula. Segundo a mídia, Obama poderia pedir que os parceiros europeus apoiassem a liberação de reservas petrolíferas estatais. O objetivo seria baixar os preços e, assim, impulsionar a indústria e a economia. Enquanto o Reino Unido e a França apoiam a medida, a Alemanha vê a iniciativa com ceticismo. Além da situação econômica e do desemprego, também os preços dos combustíveis ameaçam a reeleição de Obama.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, o novo presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e o premiê britânico, David Cameron, anunciaram uma videoconferência para esta quinta-feira (17/05). Com a participação do presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, a conversa serviria para definir posições conjuntas para a cúpula.
O encontro das oito potências, que não chegará a durar 24 horas, traz uma vasta gama de temas na agenda – desde a segurança alimentar na África e a questão nuclear iraniana até os planos de retirada do Afeganistão, as próximas medidas com relação à Síria e a Coreia do Norte e a proteção ambiental.

França e Rússia
Pedido de Hollande por novo pacto de crescimento será discutido nesta cúpula

O encontro do G8 será a primeira aparição de Hollande em palcos internacionais após a visita à Alemanha na sequência de sua posse, na última terça-feira (15/05). "Assim como na visita à Alemanha, Hollande estará sob considerável pressão de não fazer nada que possa desfazer o pacto fiscal europeu já negociado", diz Stewart Patrick, especialista em política internacional do Conselho de Relações Internacionais em Washington. Ele acredita que as exigências do socialista Hollande por um pacto de crescimento e a crise política na Grécia ocuparão a agenda. Já Vladimir Putin, reeleito presidente da Rússia, enviará em seu lugar o chefe de governo Dimitri Medvedev.

"Sem a Rússia, os países do G7 representam uma comunidade de democracia avançada, que, no geral, acredita nos direitos humanos e defende pontos de vista semelhantes com relação à situação econômica global", afirma Patrick. Já a Rússia sob Putin, segundo o cientista político, caminha em uma direção autoritária e não é um parceiro confiável para questões políticas delicadas – sendo as do Irã e da Síria os melhores exemplos.

Sentido do grupo
A Rússia, liderada por Putin, não é considerada um parceiro confiável para questões políticas delicadas

Apesar de sempre se questionar o sentido do "grupo dos oito", não se pode desconsiderar que estes países representam 15% da população mundial e dois terços do desempenho econômico internacional. O grupo foi criado como fórum nos anos 1970, em meio à crise do petróleo. O objetivo inicial era coordenar questões econômicas e comerciais, e hoje a política aparece na agenda na mesma proporção.

Para Bruce Jones, especialista em política internacional do Instituto Brookings, o G8 foi salvo pela Primavera Árabe. "Foi um processo em que as potências ocidentais precisavam de um fórum para coordenar seus auxílios econômicos e políticos", diz. Jones considera possível uma expansão futura do G8, incluindo as potências econômicas emergentes de forma permanente ou de acordo com os temas da agenda.

Para discutir a segurança alimentar na África, Obama convidou para este encontro, que acontecerá na base militar de Camp David, os chefes de Estado e de governo de Benin, Etiópia, Gana e Tanzânia. A discussão sobre esse tema é a continuação de um processo iniciado em Áquila, na Itália, em 2009.
Reuniões como as do G8 dão aos participantes a oportunidade de discutir temas de maneira informal e a nível bilateral, considera Bruce. "Às vezes, isso é mais simples do que marcar um encontro formal entre dois políticos sobre um tema específico", diz.
LPF/dpa/rtr/dw

Brasil intensifica a cooperação com a África

África e América do Sul – durante muitos anos, os dois continentes tiveram pouco contato. Mas o Brasil vem descobrindo oportunidades no continente africano, seja no comércio, investimentos, política ou diplomacia.
A presença de empresas brasileiras na África salta aos olhos. Só em Moçambique, a mineradora brasileira Vale já investiu mais de 1,7 bilhão de dólares na extração de carvão na província de Tete. Em Angola, a semiestatal Petrobras explora petróleo e a empresa privada Odebrecht constrói estradas e prédios de escritórios.
Também o comércio entre o Brasil e a África cresceu nos últimos anos. Entre 2006 e 2011, o volume do comércio bilateral duplicou de 13 para 25 bilhões de dólares. No entanto, observando com maior atenção, outras regiões no mundo tiraram proveito semelhante do crescente comércio brasileiro. Além disso, a presença brasileira na África se concentra numa das maiores economias do continente, a Nigéria, e em países onde se fala o português, Angola e Moçambique.
Pouco financiamento público
Para aumentar o comércio e os investimentos no continente africano, seria necessário mais financiamento estatal, diz o sociólogo alemão Gerhard Seibert, que trabalha no Centro de Estudos Africanos do Instituto Universitário de Lisboa ISCTE: "Sabemos que, no caso da China, são principalmente empresas estatais que fazem exportações e investem, com a ajuda do Exportbank. Neste campo, o Brasil e a América Latina ainda têm espaço e potencial de desenvolvimento".
Gerhard Seibert, do Centro de Estudos Africanos do Instituto Universitário de Lisboa ISCTE
Gerhard Seibert, do Centro de Estudos Africanos do Instituto Universitário de Lisboa ISCTE
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, concorda. Segundo ele, o financiamento é crucial para aumentar a cooperação econômica. Por isso, ele quer se engajar junto ao governo brasileiro por mais linhas de crédito.
Brasil visto com bons olhos
O comércio com a África não é livre de controvérsias. Por exemplo, a exportação de frango congelado barato pelo Brasil é criticada por prejudicar os produtores locais.
Mas, em geral, a cooperação com o Brasil é recebida de forma muito positiva na região. E isso também graças à ajuda brasileira ao desenvolvimento, que tem aumentado significativamente nos últimos anos.
A abordagem brasileira na cooperação para o desenvolvimento é claramente diferente do projeto de ajuda europeu, diz Seibert. Segundo ele, o Brasil não presta assistência financeira e não contribui para o orçamento dos países parceiros. Diferentemente da China, o Brasil não financia grandes projetos de infra-estrutura.
Em vez disso, o Brasil investe na "medicina tropical, na agricultura tropical, na educação e no desenvolvimento social, em programas que tiveram grande sucesso no próprio país", destaca Seibert.
A nação sul-americana concentra, sobretudo, a sua ajuda em setores onde os parceiros africanos têm carência e em áreas que os brasileiros já têm experiência, diz Seibert: "Nesse caso, já se tem à mão o que é necessário para fomentar o desenvolvimento nos países africanos".
Além disso, o Brasil promove bem o seu projeto de cooperação. Em São Tomé e Príncipe, por exemplo, há cursos de capoeira para jovens desfavorecidos. O Brasil apresenta-se como um parceiro confiante e preocupado com os interesses africanos.
O dinheiro investido na área da cooperação para o desenvolvimento é, no entanto, muito pouco, ressalta Gerhard Seibert: "A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), por exemplo, que é estatal, trabalha com um orçamento equivalente ao de uma ong europeia".
Lula com o presidente angolano José Eduardo dos Santos
Lula com o presidente angolano José Eduardo dos Santos
Savana e cerrado, mesmo potencial
Em uma viagem ao Quênia, em 2010, o ex-presidente Lula da Silva falou, claramente, sobre as áreas em que os africanos poderiam aprender com os sul-americanos: "A savana africana tem o mesmo potencial agrícola do cerrado brasileiro. Os empresários brasileiros sabem que, há 40 anos, quem passava de carro em uma estrada perto do cerrado falava: ‘essa terra não presta para nada porque nem árvore cresce!', e com um pouco de tecnologia nós transformamos o cerrado no maior celeiro de grãos do mundo. Na savana africana pode acontecer o mesmo".
Ambientalistas, no entanto, não pensam assim, já que a biodiversidade foi destruída em milhares de quilômetros quadrados para dar lugar a monoculturas de soja no Brasil.
Abrir embaixadas e visitar a África
"Não há provavelmente outro chefe de Estado que durante seu mandato tenha visitado tantas vezes os países africanos", diz Gerhard Seibert, referindo-se a Lula. Segundo o especialista, o ex-presidente foi crucial para a aproximação dos dois continentes: "Em oito anos, ele esteve 12 vezes na África e visitou 31 países. Quando ele chegou ao poder, em 2003, o Brasil tinha 17 embaixadas na África. Agora, já há 37 representações diplomáticas".
No campo diplomático, o Brasil está agora ao mesmo nível de países como a Alemanha. Também com segundas intenções, pois, tal como a Alemanha, o Brasil é candidato a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Aí é importante ter boas relações com a África para conseguir maiorias que permitam uma reforma desse gênero da ONU.
Autor: Johannes Beck (gcs)
Revisão: Roselaine Wandscheer

“O PNUD desempenha um papel importante para o desenvolvimento sustentável”,

“O PNUD desempenha um papel importante para o desenvolvimento sustentável”, diz Helen Clark
Em entrevista à revista Forbes, a Administradora do PNUD enumera iniciativas e resultados importantes alcançados em âmbito mundial
Divulgação/PNUD

Em recente entrevista ao blog Green Conversations, publicado no site da revista Forbes, a Administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Helen Clark, falou sobre trabalho desenvolvido pelo organismo em áreas como preservação ambiental, governança democrática e empoderamento das mulheres e deu exemplos concretos de conquistas importantes obtidas nos últimos anos.
Às vésperas da Rio+20, a dirigente classifica os desafios relativos à preservação ambiental como sendo “enormes e preocupantes”, mas destaca que os mesmos estão sendo incorporados pelo PNUD em pelo menos duas linhas de ação: prestando apoio aos governos nacionais na criação de capacidade institucional e ajudando a aumentar o financiamento para viabilizar projetos em biodiversidade e gestão de ecossistemas.
Entre as conquistas já obtidas com o apoio do PNUD, Helen aponta o estabelecimento, nos últimos anos, de 67 novas áreas protegidas, que abrangem mais de 8,8 milhões de hectares - aproximadamente o tamanho da Áustria.
A preocupação com a proteção de áreas marinhas e costeiras do planeta foi outro tópico abordado pela Administradora. Ela lembra que os objetivos para a biodiversidade global estabelecidos em Nagoya em 2010 visam ter 10% das áreas marinhas e costeiras do planeta sob algum tipo de proteção até 2020, um grande passo a partir do que existe de oceanos protegidos atualmente, que é de apenas 1,17% . “O PNUD está trabalhando muito para promover soluções que protejam os pescados ao mesmo tempo em que apoiem alternativas de sustento para comunidades tradicionalmente dependentes da pesca”, afirmou.
Ao ser questionada sobre suas expectativas em relação à Rio+20, Helen disse que que a ligação entre desenvolvimento sustentável e biodiversidade deve ter continuidade, mas com foco em problemas adicionais, como a saúde dos oceanos, a segurança alimentar, a redução do desmatamento e a degradação florestal. Ela ressaltou, ainda, que desde a Rio 92, ocorrida há 20 anos, muito progresso tem sido feito para garantir o compromisso dos governos nacionais com o meio ambiente, especialmente através das principais convenções sobre biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas.
Para a Administradora do PNUD, o desenvolvimento sustentável passa pela redução da pobreza, e esta, por sua vez, passa pela equidade de gênero. “A igualdade de gênero é fundamental para o trabalho do PNUD na redução da pobreza. Nós nos concentramos em três dimensões fundamentais do empoderamento econômico feminino: oportunidade econômica, marcos sociais e legais, bem como voz, inclusão e participação na tomada de decisões”, ressalta Helen. “Onde as mulheres e homens têm as mesmas oportunidades e direitos, o crescimento econômico se acelera e as taxas de pobreza caem mais rapidamente para todos”, conclui.
A entrevista foi concedida a Michael Tobias, colaborador da revista Forbes, especialista em todas as vertentes da temática ecológica, incluindo economia, biologia e ética. PhD em História da Consciência pela Universidade da Califórnia-Santa Cruz, Tobias é presidente da Dancing Star Foundation que realiza vários trabalhos ao redor do mundo nas áreas de conservação da biodiversidade, direitos dos animais e educação ambiental.

Obama "The First Gay President" e Eleições U.S.A

"A capa da edição da “Newsweek” de 21 de maio mostra uma foto do presidente com uma auréola com as cores do arco-íris – símbolo das bandeiras dos grupos militantes de homossexuais, bissexuais e transexuais. O artigo que corresponde à capa foi escrito por Andrew Sullivan, um blogueiro político homossexual."

O fato é que Obama não quer discutir economia em sua campanha e deseja que ocorro lá o que... ocorreu aqui no Brasil nas eleições de Dilma no qual os temas foram irrelevantes para a economia. Em tempos de crise os políticos não querem discutir educação, desemprego ou sistema público de saúde, mas aborto, casamento gay e amamentação em público, isso mesmo, amamentação.

"Na semana passada, a “Time”, que concorre com a “Newsweek” pelo mesmo mercado de leitores de revistas semanais, escandalizou muita gente com sua foto de capa na qual uma mulher amamenta uma criança de três anos de idade. A imagem provocou protestos em um país onde amamentar em público ocorre raras vezes e é, inclusive, ilegal em muitas partes. O fato de a criança amamentada ser uma criança já crescida chocou boa parte do público."

Como em um país onde um ato materno tão simples e natural pode provocar espanto poderá um dia aceitar o casamento gay? Os conservadores, extremistas e fundamentalistas religiosos ainda tem força nos EUA e mais ainda agora em contexto de crise econômica, cultural e política. Obama demostra a cada dia que é muito bom em campanha, mas bem fraco ao governar. Quem ganhará essas eleições a demagogia ou o conservadorismo? Tirando a Angela Merkel - que já não anda tão bem das pernas nas eleições regionais - todos os líderes europeus caíram após a crise, resta agora saber se Obama resistirá a isso.

Fonte: Com informações da Efe e do Estadão.

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