WikiLeaks: Brasil não é maduro para ser ator global, dizem EUA


O Brasil ainda não é "maduro" o suficiente para ser um ator global. Precisa ser "encorajado" pelos EUA a assumir "responsabilidades", aprendendo a "confrontar" outros países se necessário. Avaliações como essa de dezembro de 2009, em tom paternalista e às vezes irônico, predominam na reação de diplomatas americanos em Brasília à campanha brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

É o que mostram telegramas enviados a Washington entre 2004 e fevereiro de 2010, obtidos pela organização WikiLeaks.

O debate sobre a ampliação do CS, em tese responsável pela paz internacional, voltou à tona quando o presidente americano, Barack Obama, apoiou a candidatura da Índia, há dois meses. Obama virá ao Brasil nos dias 19 e 20 de março.

Os membros permanentes do órgão, com poder de veto, são os mesmos desde a criação da ONU, em 1945: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido. A perspectiva brasileira de integrar essa cúpula já existia na época.

Telegramas

O tema marcou a relação entre os governos de Lula (2003-2010) e de George W. Bush (2001-2009) por dois motivos: o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, estabeleceu um grupo para tentar conciliar as propostas de reforma, e Lula fez dela uma prioridade.

Nos telegramas, o assunto é sempre abordado pelos brasileiros. O ex-chanceler Celso Amorim brinca com a fama que tinha, dizendo que não queria parecer "obcecado" com o CS.

Em 2005, um ano depois de o Brasil assumir o comando da força de paz no Haiti, um despacho relata o "desapontamento" de Amorim quando os americanos disseram que só aceitariam uma ampliação "modesta", com duas novas cadeiras (Bush apoiaria oficialmente apenas a candidatura do Japão).

Os EUA, que invadiram o Iraque sem autorização do CS, não queriam a reforma. Preferiam contornar a ONU com a proposta de uma "parceria pela governança democrática".

"Desespero"

O ex-embaixador Clifford Sobel, um empresário republicano, diz que o Brasil buscou "desesperadamente" o apoio dos EUA, mas "fracassou em assumir o papel de liderança que o faria um candidato forte".

A presença do país no CS em 2004 e 2005, em uma das dez cadeiras rotativas, foi marcada por "cautela e equívoco", escreve Sobel.

Os americanos se irritam com a ideia brasileira de "imparcialidade", que impedia o alinhamento com os EUA contra países como Cuba e Venezuela. Para os diplomatas, o Brasil se esforçava para manter "relações amigáveis" com todos devido à candidatura ao CS.

Telegramas falam do fracasso brasileiro em garantir votos de africanos, de árabes e da China, que também joga contra a ampliação porque não quer a presença de Japão e Índia. Ironizam a "liderança natural" do Brasil na América Latina.

Em 2009, quando prepara reunião de Amorim com a secretária de Estado Hillary Clinton, um emissário do Itamaraty inclui a ONU entre os assuntos da pauta.

Sobel nota a falta de menção à concorrência para a compra dos caças da FAB. "Uma oferta bem-sucedida da Boeing para vender os F-18 ao Brasil tem o potencial de fortalecer essa parceria de modo inédito", escreve.

O embaixador americano chama de "baleia branca" o submarino a propulsão nuclear brasileiro, e afirma que sua única função real será deixar o país mais perto das potências do CS, que contam com o artefato.

Fonte: Folha de S.Paulo

Grassley, o inimigo do Brasil em Washington



EUA : Senador republicano é um expoente entre adversários do país




Alex Ribeiro
De Washington

Maior adversário de interesses brasileiros no Congresso americano, o senador Chuck Grassley, 77 anos, deixa em janeiro a liderança republicana no comitê de finanças do Senado, cargo que lhe dava poder e visibilidade. Agora, ele será apenas mais um senador, mas promete seguir infernizando o Brasil.

“Ele vai continuar a falar as mesmas coisas”, avisou um assessor de Grassley numa conversa recente com diplomatas brasileiros. Grassley é um dos principais articuladores da prorrogação do sistema que barra a importação do etanol brasileiro. Ele já defendeu de forma vocal a saída do Brasil do Sistema Geral de Preferências (SGP) e emperrou por meses a confirmação do embaixador americano no Brasil.

A comissão de finanças é uma das mais importantes porque, entre outras coisas, cuida de assuntos de comércio exterior, como tarifas de exportação e acordos de livre comércio. Grassley ocupou cargos-chave por dez anos, primeiro como presidente e depois como líder da minoria republicana na comissão. Deixará a função porque as regras internas do Partido Republicano impedem que seus parlamentares exerçam a liderança por mais de seis anos.


Boa parte dos atritos de Grassley com o Brasil ocorreram porque ele representa um Estado com agricultura forte, que lidera a produção americana de milho, etanol, soja e suínos. Os subsídios e barreiras ao ingresso de produtos agrícolas estão entre os pontos mais controversos na agenda brasileira de negociações bilaterais com os Estados Unidos e nos fóruns internacionais de liberalização comercial, como na Rodada Doha.

Por causa das posições brasileiras na Rodada Doha, Grassley chegou a defender a saída do país do SGP, que isenta do pagamento de tarifas cerca de 3.500 produtos exportados aos Estados Unidos pelos países menos desenvolvidos. Pelo discurso do senador, o problema não está nos subsídios e barreiras agrícolas impostos pelos Estados Unidos, mas sim na resistência do Brasil em reduzir as tarifas de importação de manufaturados e de serviços.

“[O Brasil e a Índia] são os países com maior responsabilidade na paralisia da Rodada Doha”, disse Grassley, num pronunciamento em 2006. “Talvez esses países e outros beneficiários do SGP sintam que não precisam de um acordo em Doha, porque a situação atual já serve aos seus interesses.” Grassley atribui ao Brasil boa parte da culpa pelo fracasso das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).


Há algumas semanas, Grassley foi o grande articulador da prorrogação por mais um ano do sistema que barra a entrada do etanol brasileiro nos Estados Unidos. O governo americano concede um subsídio de 0,45 centavos de dólar por galão (3,8 litros) de etanol misturado à gasolina, além de impor uma tarifa de 0,54 centavos de dólar à importação do produto.


Na undécima hora, Grassley conseguiu enfiar a renovação dos benefícios num projeto que trata de um assunto completamente diferente, a prorrogação de cortes de impostos feitos pelo ex-presidente George W. Bush, cuja aprovação o governo Barack Obama considerava essencial para evitar um novo mergulho recessivo da economia americana.


“Trabalhamos duro durante três anos para derrubar a tarifa e o subsídio e, nos 44 minutos do segundo tempo, o Grassley achou uma brecha para prorrogá-los”, comentou um dos membros da força-tarefa brasileira em Washington que tenta derrubar o sistema.


Em 2009, Grassley segurou no Congresso por alguns meses a indicação do atual embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, que havia dado declarações em favor da derrubada do sistema de subsídio ao etanol. Ele só liberou depois de receber uma carta da secretária de Estado, Hillary Clinton, assegurando que o governo seguia apoiando o subsídio.

Grassley tem 51 anos de vida pública, numa carreira iniciada como deputado estadual em Iowa. Ele chegou ao Senado em 1980, junto com a onda republicana que levou Ronald Reagan a presidência dos Estados Unidos, e desde então nunca perdeu uma eleição. A mais recente foi em novembro, quando o apoio de 64,5% dos eleitores lhe garantiu mais seis anos de mandato. A candidata democrata derrotada, Rosanne Conlin, não seria muito diferente para o Brasil — ela também apoia, por exemplo, o subsídio ao etanol. Grassley cuida bem de sua base eleitoral. Ele passa praticamente todos os fins de semana em sua fazenda em Iowa e faz visitas anuais a cada uma das 99 cidades do Estado.

Embora pertença a um partido hoje minoritário no Senado, Grassley é forte porque nenhum dos partidos têm uma maioria absoluta na casa, o que obriga a negociação quase permanente entre os dois lados. Todas as semanas o líder da Comissão de Finanças, o senador Max Baucus, se reunia com Grassley, que é particularmente conhecido por costurar consensos.


O novo líder republicano na Comissão de Finanças será o senador Orrin Hatch, do Estado de Utah, e a expectativa brasileira é que ele seja mais favorável a queda de barreiras comerciais e à redução de subsídios agrícolas. Ele é alvo do Tea Party nas eleições de 2012, e algumas associações ligadas a esse movimento conservador estão pedindo cortes de subsídios agrícolas como o do etanol.

Há duas semanas, Baucus e Hatch prepararam uma homenagem surpresa para Grassley na última reunião da Comissão de Finanças do ano. Em tom de despedida, os colegas fizeram brincadeiras e entregaram uma caixinha com uma placa comemorativa pelos dez anos de serviço. “Não sei se vocês perceberam, mas fui reeleito”, disse Grassley. “Vou ficar mais algum tempo por aí.”


Fonte: Valor Econômico





Mercosul terá placa de veículos unificada




Foz do Iguaçu – Os veículos dos países que integram o Mercosul deverão rodar usando placas unificadas dentro de até dez anos. A medida vai permitir a livre circulação de carros, motos, ônibus e caminhões entre o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. A informação foi dada hoje (16) pelo ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.


A unificação das placas foi aprovada pelos chanceleres dos países do bloco, que participam de encontro em Foz do Iguaçu. A placa será igual para os países do Mercosul, com uma alusão ao bloco, mas a combinação alfanumérica vai continuar a ser determinada por cada uma das autoridades nacionais.

Segundo o Itamaraty, hoje os veículos de carga e de passageiros (ônibus e caminhões) circulam entres esses países com o Certificado de Inspeção Técnica Veicular que atesta o cumprimento das condições de segurança para o deslocamento na região. Esses veículos serão os primeiros a receber a placa do Mercosul, o que deve ocorrer a partir de 2016. Em 2018, as placas começarão a identificar também os veículos novos.

De acordo com o embaixador e subsecretário-geral para a América Latina e o Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Simões, a unificação das placas dos carros vai trazer benefícios para os habitantes do Mercosul.

“Isso vai melhorar muito a questão da segurança e da circulação das pessoas”, afirmou o embaixador. “A ideia da placa é muito simples: é para botar o Mercosul na garagem de todos vocês”.


“A perspectiva que lançamos hoje é de que, no prazo de dez anos, já tenhamos implementado muitas decisões que vão melhorar a vida das pessoas”, afirmou Simões. Outras questões que também devem ser implementadas, segundo ele, dizem respeito ao reconhecimento dos diplomas e à melhoria da previdência social nesses países.

“Se nos primeiros 20 anos o Mercosul se concentrou muito na parte econômico-comercial, nos próximos 20 anos ele também vai se concentrar na parte econômico-comercial, porque aprovamos a consolidação da união aduaneira, mas vamos trabalhar também coisas que tenham a ver com a vida das pessoas como melhorar a questão de reconhecimento de diplomas, melhorar questão da Previdência Social e a própria questão da placa do Mercosul, que é extremamente simbólica”, disse Simões.

Fonte: Agência Brasil



Stuxnet pode marcar início da ciberguerra




As atenções do mundo cibernético estão voltadas a um vírus que pode ser o sinal do começo de uma nova era: a era da guerra cibernética. Os ataques do Stuxnet, um malware, a uma usina nuclear no Irã, a sistemas de indústrias fundamentais na China e a uma indústria alemã nas últimas semanas colocaram em alerta especialistas em segurança digital.


O Stuxnet é o primeiro vírus capaz de causar danos no meio físico, o que o torna uma ameaça diferente de tudo o que foi visto anteriormente. "A lógica de um vírus basicamente é gerar retorno financeiro. Normalmente ele se espalha rapidamente para capturar informações, senhas bancárias, atacar um site de comércio eletrônico. Não faz sentido pensar que esse vírus seguiu essa lógica", diz o CEO da Cipher, empresa brasileira especializada em segurança da informação, Alexandre Sieira.

Como age o Stuxnet


O vírus tem como alvo principal sistemas de controle industriais, que são usados para monitorar e gerenciar usinas de energia elétrica, represas, sistemas de processamento de resíduos e outras operações fundamentais. A partir daí, o malware modifica seus códigos para permitir que os atacantes tomem o controle sem que os operadores percebam. Em outras palavras, essa ameaça foi criada para permitir que hackers manipulem equipamentos físicos, o que a torna extremamente perigosa. "Nós definitivamente nunca vimos algo assim antes. O fato de que ele pode controlar a forma como máquinas físicas trabalham é muito preocupante", disse em comunicado Liam O'Murchu, pesquisador da Symantec.

O que também chama a atenção no Stuxnet é que ele foi desenvolvido para atacar um sistema muito especifico de infraestrutura, infectando um software da Siemens que controla instalações industriais fundamentais. O worm se aproveita de quatro vulnerabilidades do Windows desconhecidas até então. "Isso é muito peculiar. Normalmente, quando se descobre uma falha de segurança, se larga o vírus de uma vez, não se espera até ter quatro", diz Sieira.

Ismael Cardoso

Exército brasileiro se prepara para ciberguerra


Instituição fecha acordo com a Panda Security para defender sua infraestrutura digital de ataques virtuais com motivações políticas.

O Exército brasileiro e a Panda Security anunciaram na quinta-feira (16/9) um acordo de cooperação na área de segurança digital. A empresa fornecerá 37,5 mil licenças de seu software à instituição, além do treinamento necessário para o bom uso da solução, desenvolvida para o setor corporativo. A parceria tem duração de dois anos e custará 292 mil reais.

Segundo o general Antonino dos Santos Guerra Neto, comandante do Centro de Comunicação e Guerra Eletrônica do Exército (CCOMGEX), a instituição possui 60 mil computadores, distribuídos por todo o território nacional, e 12 centros telemáticos que sofrem, cada um, mais de cem tentativas de invasão por dia. Ele afirma que, por enquanto, os ataques não causaram prejuízos - no máximo, provocaram certas situações desconfortáveis que foram rapidamente solucionadas.

Ciberguerra

Com a parceria, o Exército quer, segundo o general, “proteger o existente e se preparar para uma situação crítica”. O existente seriam as pragas virtuais que atingem qualquer empresa de grande porte; ao falar de situação crítica, por outro lado, se refere à ciberguerra, algo que já ocorre, mas que deve se agravar nos próximos anos.

Ciberguerra é o termo utilizado para as batalhas no terreno da Internet, os ataques de Estados ou grupos contra os sistemas de informação de outras nações. Considerando que quase todos os serviços nacionais são administrados digitalmente, ao derrubar a plataforma que os controla é possível cortar as comunicações de um país, interferir em sua rede elétrica ou mesmo obter dados sensíveis e confidenciais.

Em 2008, por exemplo, nos conflitos entre Geórgia e Ossétia do Sul, a primeira acusou a Rússia de tal crime. Já em 2009, um relatório apontou que a China estaria usando a rede mundial de computadores para espionar os Estados Unidos, e, neste mesmo ano, a McAfee divulgou estudo que destaca a tendência de ataques virtuais com motivações políticas.

Guerra Neto sugeriu até que os países estão se armando para essa nova era em que os conflitos extrapolam os limites físicos - a guerra digital. Exibiriam, assim, as técnicas avançadas que dominam, a fim de inibir invasões a seus sistemas.

Contrato

No ano passado o Exército gastou 12 milhões de reais para proteger a sua rede. Neste novo contrato, de dois anos, esperava um custo de 20 milhões, mas foi surpreendido com a proposta da Panda Security: 292 mil reais por 37,5 mil licenças, valor 70 vezes menor que o esperado.

O diretor-executivo da empresa no Brasil, Eduardo D´Antona, explicou que a matriz espanhola insistiu que a unidade brasileira conseguisse o contrato, mas salienta que não houve dumping (vender serviço por preço abaixo de seu valor justo). “A diferença de preço entre o que foi oferecido por nós e o terceiro colocado na licitação foi de 10%”, afirmou.

A intenção da Panda com o contrato é aumentar sua presença tanto na rede governamental quanto nos computadores do setor corporativo, além de, com a parceria, adequar sua solução ao que o mercado brasileiro - o que mais cresce na América Latina - precisa.

De acordo com o CEO da Panda, Juan Santana, os laboratórios da companhia analisam 55 mil novas pragas virtuais por dia, sendo que Brasil é o quarto país que mais os produz e o primeiro nos que roubam dados bancários.

Por Ricardo Zeef Berezin, do IDG Now


Israel vê ciberguerra como alternativa à guerra armada

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A ciberguerra, como a deslanchada contra o Irã no ano passado, garante a países mais avançados uma alternativa à guerra "feia" das forças militares, que inclui um alto custo moral, afirmou uma autoridade de alto escalão de Israel nesta quinta-feira.


"A guerra é uma coisa feia, muito feia", disse o vice-primeiro-ministro do país, Dan Meridor, a diplomatas e jornalistas na sede do Centro de Assuntos Públicos de Jerusalém. "Em tempos modernos, a guerra está sempre na televisão... as pessoas veem isso e não suportam. Há limites. Há um preço a pagar".

Ele acrescentou: "Por ser difícil, procuramos outras formas. Uma dessas outras formas é a comunidade de inteligência, com todo o mundo buscando fazer coisas que não tenham aparência feia, que não matem as pessoas". Ele se recusou a comentar o worm Stuxnet, encontrado em redes iranianas no ano passado, mas seus comentários reforçaram o ceticismo de Israel de agir em ameaças veladas usando a força abertamente contra o programa nuclear de seu rival.

Nos últimos dois anos, autoridades israelenses discretamente revelaram sua capacidade para a ciberguerra, que afirmam ser central para sua estratégia de defesa. Também sugerem ser responsáveis pelas campanhas de sabotagem que atrasaram os projetos de enriquecimento de urânio e de mísseis do Irã, que Israel vê como ameaças em potencial.




The United States and the Future of Peacekeeing - Part 2


The United States and the Future of Peacekeeping

The Obama Administration and UN Peacekeeping

Despite intermittent enthusiasm and rhetorical support for UN peacekeeping at the UN and in the National Security Strategy, Quadrennial Defense Review, and Quadrennial Diplomacy and Development Review, the United States lacks a clearly articulated strategy for peacekeeping. Inattention to UN peacekeeping comes at the United States’ peril, several participants suggested, given emerging threats around the world as well as China’s increasing involvement.

Other interlocutors were more sanguine about Washington’s approach, contending the Obama administration is attuned to the need to get inside the UN and aspires to be deeply engaged in multilateral affairs and to partner with international institutions. The United States is focusing diplomatic attention on marrying the political strategies of peacekeeping with successful mission function. If mandates do not match capacity, or if peacekeeping becomes unhinged from the political track, missions will fail. In recent months, the U.S. government has engaged diplomatically in numerous countries to support the goals of the UN peacekeeping operations there: Cote D’Ivoire, Sudan, DRC, Liberia, Haiti, and Somalia.

Of course, the fruits of engagement are not immediately apparent. Some participants suggested expectations for the Obama administration’s multilateral engagement set the bar too high. Even as the United States has engaged on Sudan and Somalia, UN member states accuse Washington of “selective engagement” and criticize the lack of attention to other hotspots with a UN presence. The NGO community expected a high-profile rollout of a new peacekeeping strategy; when this effort stalled after the January 2010 Haiti earthquake, many experts concluded that the Obama administration was doing nothing on peacekeeping.

Given American commitments in Iraq and Afghanistan, DPKO is looking to Washington mostly for political and financial support. Even though the United States contributes 27 percent of the UN peacekeeping budget, its paltry personnel contributions engenders negativity from large TCCs and PCCs. Leadership on peacekeeping by the Obama administration could pay large dividends: when President Obama met with major TCCs at the UN in September 2009, the response was overwhelmingly positive. There is a need for leadership in the search for creative solutions to UN peacekeeping’s problems, and the United States can fill this gap.

Congress and UN Peacekeeping

Given the legislative environment in Washington, workshop participants questioned whether Congress would be supportive of more vigorous American engagement with the UN on peacekeeping—for example, extra-budgetary support for high-priority initiatives. There was particular concern that the new Congress would push for cuts in American contributions to the UN, or make contributions contingent on reforms. As one participant noted, the “quietness” of the Obama administration’s approach to peacekeeping may be gaining points at the UN in New York, but it is losing political capital in Washington. Another warned that the State Department’s failure to give precise accounting of its expenditures on peacekeeping would have dire consequences for future budgets in Congress. Others were more optimistic, describing a bipartisan consensus about the importance of the UN in Lebanon, Haiti, and Iraq and Afghanistan over the long term. The best way to ensure congressional support for the peacekeeping agenda would be better reform management, accountability, effectiveness, and budgetary oversight.


Mechanisms for U.S Peacekeeping Support

Going forward, the U.S. government should increase the quantity and quality of its linkages with the UN. The current administration must build on the enduring bureaucratic architecture devoted to peacekeeping to make ongoing programs as effective as possible.

— Global Peace Operations Initiative: The Global Peace Operations Initiative (GPOI) is the primary mechanism of U.S. support for international peace operations, including the UN. It is responsible for U.S. efforts to build and maintain capability, capacity, and effectiveness of peace operations through seven objectives and activities: training and equipment, regional and institutional capacity building, clearinghouse activities, transportation and logistics support, deployment equipment, stability police, and support for sustainment and self-sufficiency. The UN hopes to work more closely with GPOI in aligning U.S. resources with UN needs.


— Africa Contingency Operations Training and Assistance: The U.S. State Department’s Africa Contingency Operations Training and Assistance (ACOTA) program implements about half of GPOI’s funding. ACOTA has invested in training peacekeepers as well as trainers. Since most peacekeepers in Africa are from African TCCs, ACOTA has built up national training center capacities in TCCs such as Uganda, Ethiopia, and Senegal. Ninety-two percent of peacekeepers trained by ACOTA deploy to peacekeeping missions; training peacekeepers for deployment to AMISOM is a top priority, followed by UNAMID, other missions in Africa, and regional standby brigades. While success is difficult to determine, peacekeepers trained by ACOTA are tracked through after-action review conferences. DPKO hopes to work with GPOI and ACOTA to evaluate staff officer candidates as well as infantry performance.

— Staff Officers: Although President Obama pledged to increase American staff officers at the UN, due to the UN’s regional quote system, there are few opportunities for U.S. personnel. Americans are at a disadvantage because few have the requisite prior peacekeeping experience, and the inter-agency recruiting process takes a prohibitively long time. The U.S. government is working to circumvent this lengthy process by having eligible personnel on hand, but it is unclear whether and when this change will occur. Still, the question of congressional approval remains, though participants viewed Congress as favorable to U.S. personnel “enabling” UN peacekeeping, though not “directly participating.” DPKO is interested in recruiting more staff officers from the United States and other western countries that do not contribute contingents to build understanding of UN peacekeeping.


Building a Peacekeeping Strategy

- Workshop participants offered a diverse set of prescriptions for a renewed American peacekeeping strategy:

— Intelligence Sharing: The United States could provide situational awareness as well as early warning information to the UN. While overt U.S. intelligence support would be toxic, the United States could pass information to DPKO that would increase mission safety on the ground and bolster existing early warning and analysis functions. Beyond information, the United States could also provide situational awareness technology and analysts to the UN.

— Women in Peacekeeping: Increasing deployment of women police and peacekeepers would advance the UN’s goal of gender mainstreaming. The United States has a comparative advantage in deploying women because it allows women in combat and police roles.

- Advocacy in Turtle Bay: U.S. advocacy on the following issues could have positive impacts on UN peacekeeping:


 The United States can send a strong message to UN leadership that the most important criterion for selection of senior mission leadership (such as special representatives of the secretary-general and their deputies, force commanders, and police commissioners) must be quality, rather than political considerations.


 The United States can advocate for more coherent interventions on the ground, particularly better transitions from heavy military deployments, which are expensive, to lighter civilian-led operations.

— Training Metrics: To improve training of peacekeepers through GPOI, the United States could improve the tools used to measure trainees’ success. A better understanding is needed of the gaps in training by American trainers, as well as trainers trained by the United States.

— Lessons Learned: With enhanced niche capacities resulting from the wars in Iraq and Afghanistan, the United States can leverage new expertise and repurpose it for UN peacekeeping operations.

The United States and the Future of Peacekeeing - Part 1




The United States and the Future of Peacekeeing


Workshop in Washington, DC

December 15, 2010

This workshop was made possible by the generous support of the Robina Foundation.

In 2000, the United Nations (UN) published the landmark Report of the Panel on United Nations Peace Operations, also known as the Brahimi Report. That report recommended sweeping reforms of UN peacekeeping, from the introduction of a peacebuilding strategy to improved logistical support in the field. A decade later, the UN has enacted many of the Brahimi Report’s recommendations, though numerous policy issues remain partially or not at all addressed. With the New Horizon Initiative, a multi-year peacekeeping reform process, the Department of Peacekeeping Operations (DPKO) is making a renewed push to improve UN peacekeeping.

Due to engagements in Iraq and Afghanistan, as well as the threat of terrorism from conflict zones around the world, the United States has renewed its interest in peace operations. Washington has increased capacity building and logistical support for UN, regional, and bilateral peacekeeping forces. Nevertheless, the United States has not yet articulated an updated peacekeeping strategy that takes into account the current strains on U.S. forces and likely sources of future conflict. As the primary funder of UN peacekeeping—contributing 27 percent of the budget—the United States has a vested interest in increasing its effectiveness and efficiency. However, internal politics on both sides has impeded robust synergy between the United States and the UN.

As part of the Making Multilateralism Work series, the International Institutions and Global Governance (IIGG) program sponsored a workshop on December 15, 2010, in Washington, DC, to bring together stakeholders from the UN, the U.S. government, think tanks, and academia to discuss the United States and the future of peacekeeping. What follows is a summary of the discussion, which was conducted on a not-for-attribution basis.

Ten Years After Brahimi: An Assessment of UN Peacekeeping

The United Nations has entered an unprecedented era of peacekeeping. Even as UN officials speak of a period of “consolidation,” more troops than ever before are deployed around the world in support of fifteen peacekeeping missions. When the Brahimi Report was published, the UN had 27,000 peacekeepers deployed; today, there are over 120,000 in the field. This surge in deployments exposed structural weaknesses in UN peacekeeping, prompting the New Horizons reform process. Further, relations between major UN stakeholders remain strained—particularly


between the UN Security Council, which creates missions’ mandates, and troop-contributing countries (TCCs), which provide personnel to carry out those mandates.

Despite its flaws, the UN retains several important comparative strengths. First, it is unique in its ability to deploy and sustain troops and police from around the globe in a multinational force that has an advanced capacity to approach conflicts comprehensively. Second, it has flexibility in adjusting to diverse needs on the ground, including through experimentation with different command-and-control structures. Third, it has international legitimacy unparalleled by any other security-focused organization. Fourth, it is cost effective—a critical attribute given the current financial environment.

The New Horizons Initiative: A Progress Report

DPKO’s New Horizons Initiative aims to improve four main areas of peacekeeping:

— Policy Development: DPKO is working to clarify main components of peacekeeping mandates and to improve their implementation. The UN seeks to refine the protection-of-civilians mandate, including planning for mission scenarios and mapping the capabilities and resources necessary for civilian protection. The political transition from conflict to peace is another important issue for the UN. Peacekeepers are important actors in the early phases of effective peacebuilding: they are responsible for articulating peacebuilding priorities while also supporting consensus among national counterparts; enabling peacebuilding assistance programs through security and creation of political space; and implementing peacebuilding support in limited areas. Finally, DPKO wants to hone its robust approach to peacekeeping by achieving consensus among TCCs on the appropriate balance of deterrence and use of force.

— Peacekeeping Capabilities: DPKO is working to identify and sustain the required capabilities for peacekeeping operations, moving from numbers-driven to capability-driven peacekeeping. To generate and sustain the necessary resources and capabilities, DPKO is developing guidance and capability standards involving TCCs and police-contributing countries (PCCs); strengthening training through monitoring standards and assessing troop readiness; and encouraging more contributions from PCCs and TCCs in the global South while leveraging western countries’ high-end capabilities.

— Reforming Field Support to Meet Twenty-first-Century Requirements: DPKO has already produced a Global Field Support Strategy, which aims to transform service delivery to the field by arranging civilian logistic support for military deployments. Nevertheless, the Department of Field Support requires greater professionalism and cost efficiency.

— Strengthening Planning, Management, and Oversight of Peacekeeping Operations: The UN has already enacted measures to institutionalize “triangular cooperation” through systematic consultation between the Security Council, TCCs and PCCs, and the UN secretariat. There are now secretariat briefings of Security Council members, PCCs, and TCCs before and after technical assessment missions, as well as regular consultations with TCCs and PCCs. DPKO is also evaluating peacekeeping command and control models, a process that will take until next summer.

Persistent Challenges for UN Peacekeeping

DPKO is acutely aware of the need to do its job better as the international security landscape grows more challenging and the future of the global economy remains uncertain. Looking ahead, DPKO is preparing itself to do more, be more effective, and be successful with fewer—or perhaps static—resources. Part of this process, as one participant noted, involves identifying what DPKO cannot be expected to perform and implement, as well as areas where implementation is feasible but DPKO needs to improve its capabilities.

In workshop discussions, participants agreed on several persistent challenges for UN peacekeeping:

— DRC and Civilian Protection: Because it is the largest-ever peacekeeping operation, many look to the UN mission in the Democratic Republic of the Congo (DRC) for evidence of peacekeeping reform’s impact. MONUC’s and now MONUSCO’s struggle to protect civilians focused attention on the need for greater DPKO capacity to fulfill this mandate requirement, which is active in eight ongoing UN missions. DPKO is developing a strategic framework for the protection of civilians in consultation with UN country teams. The framework seeks to define the role of the host government, UN mission, and the planning process in ensuring civilian protection. The framework is part of a larger effort to improve performance in implementing mandates, and to convey realistic messages to the Security Council about what can be achieved on the ground—particularly in the case of Congo, which is the size of western Europe.

— The Intersection of Peacekeeping and Peacebuilding: One major paradigm shift resulting from the Brahimi Report was recognition by member states that peacekeeping and peacebuilding are not separate endeavors; rather, peacebuilding starts on day one of a peacekeeping mission. Despite the existence of the Peacebuilding Support Office, the UN lacks a coherent strategy covering the full spectrum of peacebuilding activities, which involve a wide array of actors throughout the UN system. While tools such as the Integrated Mission Planning Process have been developed to coordinate peacebuilding actors, many gaps remain at the mission level. One area needing improvement is prioritization: when compressed into a short timeframe, the peacebuilding process creates what the World Bank calls “policy stress,” which detracts from overall effectiveness. Better prioritization is needed so that the most important activities—usually security and rule of law—receive attention in the early stages of peacebuilding. The peacebuilding funding structure also requires reform: as the UN hands over peacebuilding to national governments, UN agencies must continue sustainable assistance programs; however, the voluntary contributions that fund these agencies do not arrive on time, causing budget shortfalls and inconsistent assistance delivery.

— Realistic Mandates: Many participants noted the discordance between peacekeeping mandates approved by the Security Council and the resources available to DPKO from TCCs and PCCs. Helicopters were an often-cited example of a critical resource that DPKO lacks, but chronic gaps should be identified and addressed. There is a need to harmonize realistic mandates and capabilities, which is a goal of the New Horizons Process, though acceptance of a “two-step” mandate process—which would involve an iterative exchange between the Security Council and TCCs/PCCs—is unlikely in the near future.

— Resources: Some participants raised the question of distribution of resources among peacekeeping missions; both long-standing missions like the UN Peacekeeping Force in Cyprus (UNFICYP), which began in 1964, and large, ongoing missions like those in the DRC and Darfur, Sudan, can strain financial resources. DPKO hopes to stabilize the peacekeeping budget by improving performance.

— Police: Participants agreed that DPKO’s police capacity is in poor condition. DPKO is not getting the support it needs from donor countries to improve police quality and there are no standard specifications among those police already in the UN system. A greater challenge is adapting police to local situations: because police come from diverse PCCs with different legal and policing systems, and because DPKO lacks a coherent strategy for building local police forces, UN police officers often create confusion in the communities in which they operate. Although police serve an important function in training local forces, the UN also needs more experts who can design new police structures that reflect local needs rather than imported norms and procedures. Several interlocutors referenced the ongoing debate over whether police capacity building should remain the purview of DPKO; for the foreseeable future, DPKO will remain the primary locus.
— Civilian Capacity: DPKO suffers from insufficient civilian capacity to support its missions. The human resources system at the UN struggles to update and maintain rosters of civilian experts around the world. There is also a need to identify more experts from the South. To address this problem, a civilian capacity review is under way, the results of which will be released in a report in January.

— Regional Organizations: Although cooperation with regional organizations is an objective that dates back to the UN Charter, procedures for cooperation between the UN and regional organizations on peacekeeping remain inchoate. DPKO is testing different models: a hybrid UN−African Union (AU) mission in Darfur (UNAMID) and a UN-supported and AU-executed mission in Somalia (AMISOM). The UN community does not view the hybrid UNAMID model as a success because the UN and AU differ on major strategic issues; consequently, it is unlikely to be replicated. AMISOM is viewed more favorably, especially by the AU, which prefers to have a unified AU command structure with UN support. In the coming year, DPKO will examine UN regional organization arrangements from a policy perspective in order to better understand the role of the Security Council, mandate formation, reporting structures, command responsibilities, and appropriate rules of engagement.

— Training: One of the greatest challenges for DPKO is ensuring the high quality of its personnel. When the training budget was cut this year, the UN organized a donor conference, but member states opted to devote extra-budgetary contributions to “sexier” issues like civilian protection, rather than field recruitment. Peacekeeping training centers play an important role in filling the UN’s capability gaps. DPKO is seeking greater partnership with these centers, several of which have expressed interest in collaboration. China, for example, has demonstrated a strong interest in assuming a greater role in peacekeeper training; China has two large peacekeeping training centers, and the Chinese government recently organized a one-week course on UN peacekeeping for senior military commanders. The United States also conducts training through the Global Peace Operations Initiative (GPOI). The challenge for DPKO, however, is holding regional training centers to UN standards. One U.S. government participant noted that there is insufficient visibility and transparency about what other training and equipment contributors are doing; this lack of openness creates inefficiencies because countries cannot build on each others’ successes.

Ideas for the Future

Workshop participants offered a variety of ideas for how the UN can address the aforementioned and other challenges it faces in years ahead.

— Greater Role for Emerging Powers: As Group of Eight (G8) industrialized countries (the United States, Britain, France, Germany, Italy, Japan, Russia, and Canada) draw down their military commitments to reduce financial strain, emerging TCCs like China and Indonesia may pick up the slack. The new Security Council includes several large and important TCCs (including India and Brazil) who will add their voices to the peacekeeping debate. Further, the Group of 20 (G20) may become a venue for expanding the conversation about peacekeeping beyond the G8. Despite differences of opinion about whether peacekeeping is an appropriate topic for the G20—which has previously focused exclusively on economic issues—several participants agreed that peacekeeping is a subject about which G20 states share common ground.

— Expanding DPKO’s Range of Options: DPKO should expand its flexibility so that the international community will have more options to choose from when addressing threats to peace and security. Ideally, capabilities would range from heavy peacekeeping for civilian protection missions to a light footprint for ceasefire monitoring and peacebuilding.

— Enhancing DPKO’s Capacity: According to participants, DPKO needs greater expertise in these areas: conflict early warning, political and strategic analysis, operations management, logistics and financing, peacebuilding programming support, development and humanitarian assistance, and rule of law and police functions. While the New Horizons Initiative will address some of these shortcomings, member states need to take a sustained interest in the nuts-and-bolts, if “unsexy,” aspects of peacekeeping.

A ciberguerra do Wikileaks



Como documentei no meu livro Comunicação e Poder, o poder se baseia no controle da comunicação. A reação histérica dos Estados Unidos e outros governos contra o Wikileaks confirma isso. Entramos numa nova fase da comunicação política. Não tanto porque se revelem segredos ou fofocas como porque eles se espalham por um canal que escapa aos aparatos de poder.

O vazamento de confidências é a fonte do jornalismo de investigação com que sonha qualquer meio de comunicação em busca de furos. Desde Bob Woodward e sua "Garganta Profunda" no Washington Post até as campanhas de Pedro J. [Ramírez, fundador do diário El Mundo] na política espanhola, a difusão da informação supostamente secreta é prática usual protegida pela liberdade de imprensa.

A diferença é que os meios de comunicação estão inscritos num contexto empresarial e político suscetível a pressões quando as informações resultam comprometedoras. Daí que a discussão acadêmica sobre se a comunicação pela internet é um meio de comunicação tem consequências práticas. Porque se o é (algo já estabelecido na investigação) está protegida pelo princípio constitucional da liberdade de expressão, e os veículos e jornalistas deveriam defender o Wikileaks porque um dia pode ser a vez deles.

Ordem de prisão

Ocorre que ninguém questiona a autenticidade dos documentos vazados. De fato, destacados periódicos do planeta publicaram e comentaram esses documentos para regozijo e educação dos cidadãos que recebem um cursinho intensivo sobre as misérias da política nos corredores do poder (com efeito, por que [o primeiro ministro espanhol José Luis] Zapatero está tão preocupado?).

O problema, diz-se, é a revelação de comunicações secretas que poderiam dificultar as relações entre estados (o perigo para vidas humanas é baboseira). Na verdade seria preciso sopesar esse risco contra a ocultação da verdade sobre as guerras aos cidadãos que pagam e sofrem por elas.

Em qualquer hipótese, ninguém duvida que, se essas informações chegassem aos meios de comunicação, estes também quereriam publicá-las (se poderiam é outra questão). E mais: uma vez difundidas na rede, publicam-nas. O que está em questão é o controle dos governos sobre seus próprios vazamentos e sobre sua difusão por meios alternativos que escapam à censura direta ou indireta. Um tema tão fundamental, que motivou uma reação sem precedentes nos Estados Unidos, com apelos ao assassinato de Assange por líderes republicanos e até colunistas do Washington Post e uma grita mundial generalizada de [Hugo] Chávez até [Silvio] Berlusconi, com a honrosa exceção de Lula e a significativa reação de [Vladimir] Putin.

A esta cruzada para matar o mensageiro se uniu a justiça sueca numa história rocambolesca onde o pseudofeminismo se alia à repressão geopolítica. Dá-se que as namoradas suecas de Julian Assange (alguém investiga sua conexão com serviços de inteligência?) o denunciaram porque em pleno ato (consentido) a camisinha rasgou, ela diz que não queria continuar e Assange não pôde ou não quis interromper o coito e isso, segundo a lei sueca, poderia ser violação. O que não impediu que a violada organizasse no dia seguinte em sua casa uma festa de despedida para Assange.

A partir de tamanho ato de terrorismo sexual, a Interpol emite uma euroordem de prisão com nível de alerta máximo, desmentindo que seja por pressão dos Estados Unidos. E quando Assange se entrega em Londres, o juiz não aceita fiança, talvez para enviá-lo aos Estados Unidos via Suécia. [A fiança foi concedida na terça-feira,14/12, mas a Suécia entrou com pedido de apelação.]

"Infraestrutura icônica"

Com o mensageiro atrás das grades, falta mandar para lá a mensagem. E aí começam pressões que levam a que PayPal, Visa, MasterCard e o banco suíço do Wikileaks fechem suas contas, que cancelem seu domínio e que a Amazon o remova de seus servidores (o que não impede a Amazon de oferecer por 7 dólares o conjunto completo de e-mails vazados).

A contraofensiva internauta não se fez esperar. Os ataques de serviços de inteligência contra a rede do Wikileaks fracassaram porque proliferaram as redes espelho, ou seja, cópias imediatas das redes existentes, mas com outro endereço. A esta altura há mais de mil em funcionamento (se quiser ver a lista google wikileaks.mirror).

Em represália à tentativa de silenciar o Wikileaks, Anonymous, uma popular rede hacker, coordenou ataques contra as empresas e instituições que o fizeram. Milhares de voluntários se juntaram à festa, utilizando o Facebook e Twitter, embora com crescentes restrições. Os amigos do Wikileaks no Facebook superaram o milhão e aumentam a uma pessoa por segundo. Wikileaks distribuiu a 100.000 usuários um documento encriptado com segredos supostamente mais danosos para os poderosos, cuja chave se espalharia caso a perseguição se intensifique.

Não está em jogo a segurança dos Estados (nada do revelado põe em perigo a paz mundial nem era ignorado nos círculos de poder). O que se debate é o direito do cidadão de saber o que fazem e pensam seus governantes. E a liberdade de informação nas novas condições da era da internet. Como dizia Hillary Clinton em sua declaração de janeiro de 2010: "A internet é a infraestrutura icônica da nossa era… Como acontecia com as ditaduras do passado, há governos que se voltam contra os que pensam de forma independente usando esses instrumentos". Agora ela aplica a si mesma essa reflexão?

Novas gerações


Porque a questão fundamental é que os governos podem espionar, legal ou ilegalmente, aos seus cidadãos. Mas os cidadãos não têm direito à informação sobre aqueles que atuam em seu nome, a não ser na versão censurada que os governos constroem. Neste grande debate vão ver quem realmente são as empresas de internet autoproclamadas plataformas de livre comunicação e os meios de comunicação tradicionais tão zelosos de usa própria liberdade.

A ciberguerra começou. Não uma ciberguerra entre Estados como se esperava, mas entre os Estados e a sociedade civil internauta. Nunca mais os governos poderão estar seguros de manter seus cidadãos na ignorância de suas manobras. Porque enquanto houver pessoas dispostas a fazer leaks e uma internet povoada por wikis surgirão novas gerações de wikileaks.

Reproduzido do La Vanguardia, 11/12/10

O grito árabe pela democracia


A possibilidade de alguém sair às ruas do Cairo para protestar contra o presidente Hosni Mubarak em 1998, no ano em que o jornalista americano de origem egípcia Abdalla Hassan se mudou para a cidade, era, nas palavras dele, “simplesmente impensável”. “No máximo culpava-se o primeiro-ministro, jamais o presidente”, disse Hassan a ÉPOCA, na semana passada, enquanto os protestos se espalhavam pelas ruas da capital egípcia. Seu depoimento dá a dimensão do medo imposto pelo ditador há 30 anos no poder – e quão espetaculares e inesperados foram os eventos que tiveram lugar na semana passada no Cairo e em cidades como Suez e Alexandria. Multidões sublevadas saíram pelas ruas clamando por melhores condições de vida, emprego e, sobretudo, pelo fim do regime de Mubarak. Para deter as manifestações, o ditador derrubou a internet, cortou a telefonia celular e ocupou estações de rádio e TV. No início da noite da sexta-feira, decretou toque de recolher. Não adiantou. Os protestos continuaram. A semana terminou sem que estivesse claro o futuro político do maior aliado dos Estados Unidos no mundo árabe. Se Mubarak cair, o que viria em seu lugar – uma democracia moderna ou outra teocracia islâmica como a do Irã? A resposta a essa pergunta é crucial para toda a região.

A revolta popular do Egito é a maior de uma corrente de revoltas que começou na Tunísia. Lá, em 17 de dezembro, o vendedor de verduras Mohamed Bouazizi, de 26 anos, da cidade de Sidi Bouzid, se indignou porque sua mercadoria foi apreendida pela polícia, de modo flagrantemente abusivo. Humilhado, tentou reclamar na prefeitura, que não o atendeu. Bouazizi, então, ateou fogo a si mesmo e morreu em frente ao prédio. Sua imolação foi a fagulha que incendiou os tunisianos contra o presidente Zine El Abidine Ben Ali. Há 23 anos no poder, Ben Ali não resistiu à pressão popular e renunciou no último dia 14, algo inédito no mundo árabe. Depois da Tunísia, o vento de revolta se espalhou. Chegou a Iêmen, Jordânia e Argélia – além do Egito –, sacudidos por manifestações. Em quase todos esses países (a exceção é a Jordânia, uma monarquia), autocratas se perpetuam no poder por meio de eleições fraudulentas, amparados na repressão policial e na corrupção. Em 2010, apenas dois países árabes – Líbano e Iraque – não foram considerados regimes autoritários, segundo o índice de democracia da Unidade de Inteligência da revista Economist. Foi esse o cenário que começou a balançar na semana passada. Estará aberto o caminho para reformas democráticas – ou para outra forma de opressão, a religiosa?
A cultura árabe ou a religião muçulmana não são impedimentos à democracia. A Turquia é o melhor exemplo disso. “É um país onde há movimentos islâmicos fortes e que ao mesmo tempo funciona como uma democracia com muito sucesso”, diz Marina Ottaway, diretora do programa de Oriente Médio do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, de Washington. Para Marina, os regimes hoje existentes são o principal obstáculo para o surgimento da democracia na região. “A dúvida é se as sociedades árabes conseguirão derrubar esses regimes”, afirma.

Fotos: Fethi Belaid/AFP, Khaled Abdullah/REUTERS, AFP e Citizenside.com/AFP

Nem todos têm a visão de Marina. No polêmico livro The strong horse – Power, politics, and the clash of arab civilizations (Um cavalo forte – Poder, política e o choque das civilizações árabes), o jornalista americano Lee Smith diz que o mundo árabe sofre de violência política endêmica. Para ele, repressão e terror são aspectos da cultura política da região, que não oferece nenhum mecanismo de partilha de poder, exceto a herança, o golpe ou a conquista. Smith diz não acreditar que os protestos atuais tenham surgido em nome da democracia. “Em muitos momentos na história da humanidade – como nas revoluções francesa (1789), russa (1917) ou iraniana (1979) –, a população não tomou as ruas para lutar por democracia”, afirma. “Tendemos a acreditar que são protestos por isso, mas há outras razões para uma manifestação acontecer. A luta é por melhores condições de vida, oportunidades de trabalho, moradia, mais liberdade de expressão, mobilidade política – e não necessariamente por democracia.” Os comentaristas são unânimes em apontar na pobreza e na marginalização econômica um dos motores do ressentimento por trás dos protestos no mundo árabe.

Além de regimes autoritários, os países árabes compartilham problemas econômicos como inflação e desemprego. No Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o economista Nouriel Roubini, que previu a crise financeira de 2009, resumiu assim a situação dos países do Oriente Médio e do norte da África: “Nos mercados emergentes, a crise leva a inflação, redução do poder de compra, levantes, protestos e instabilidade política”.

Independentemente da motivação, os protestos que começaram na terça-feira constituem uma ameaça real à permanência no poder de Mubarak. Aos 82 anos, ele já preparava o filho Gamal para a sucessão, como se o Egito fosse uma dinastia. Na sexta-feira – dia que ficou conhecido como a “sexta da fúria e da liberdade” –, a rede de TV Al Jazeera informou que manifestantes conseguiram dominar o centro da cidade de Suez e várias áreas de Alexandria, com o apoio de policiais. Em Suez, os manifestantes libertaram todos os presos de uma delegacia, depredaram carros blindados e roubaram lançadores de bombas de gás lacrimogêneo. No Cairo, um dos prédios do Partido Nacional Democrático (PND), de Mubarak, foi incendiado sem que os bombeiros surgissem para debelar as chamas. Estima-se que pelo menos dez pessoas já teriam morrido desde o início dos protestos e que haveria mais de 1.000 presos, mas esses são números ainda incertos numa história que ainda estava em andamento no fechamento desta edição.

Um dos desaparecidos, o ativista Ahmed Salah, já fora preso e torturado por se opor ao regime. Desde que saiu para participar da primeira manifestação, no dia 25, Salah não foi visto nem atende o celular. Em entrevista na semana anterior, ele disse ter certeza de que, se fosse preso, não sairia vivo. Um repórter do jornal britânico The Guardian foi detido e agredido a socos, chutes e pauladas. Outros órgãos da imprensa também afirmaram que seus correspondentes foram presos. Na noite da sexta-feira, a polícia invadiu o escritório da Al Jazeera, a cadeia de televisão em língua árabe que tem funcionado como uma espécie de difusora dos protestos.

No fim da tarde, foi divulgada a prisão domiciliar de Mohamed El-Baradei, o ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2005. Defensor da democracia no país, ele vive em Viena e voltou ao Egito na quinta-feira para tentar liderar a oposição. Participou das orações da sexta-feira numa mesquita de Gizé, cidade das pirâmides. Ao final da oração – momento para o qual estava marcado o início dos protestos –, a polícia impediu que ele deixasse a mesquita e lançou bombas de gás lacrimogêneo em todo o quarteirão. A prisão de El-Baradei assinala a radicalização da repressão do regime.

O Egito nunca viu nada assim. O último grande protesto no país ocorreu em 1977, quando o povo foi às ruas exigir do então presidente, Anuar el-Sadat, a volta de subsídio a alimentos. O grau de contestação política era menor. Além da Al Jazeera, atribuiu-se à internet e às redes sociais, como Facebook e Twitter, um papel fundamental na organização dos protestos. As manifestações têm sido lideradas pela população jovem. No Egito, dois terços dos 80 milhões de habitantes têm menos de 30 anos (leia o quadro). Nunca conheceram outro governante que não Mubarak.

O partido do governo atribuiu as manifestações à Irmandade Muçulmana, uma organização político-religiosa com um histórico de violência, que opera há anos na ilegalidade e cujas ideias foram o berço de organizações extremistas como a Al-Qaeda. Na madrugada da sexta-feira, oito líderes da Irmandade Muçulmana foram detidos depois que o grupo anunciou apoio às manifestações populares. A despeito da acusação do governo, há indícios de que as manifestações da semana passada foram resultado da ação de grupos distintos. Os protestos do dia 25, por exemplo, foram convocados no Facebook pela página Somos Tudo o Que Khaled Disse, criada em memória do jovem Khaled Said, espancado até morrer por policiais egípcios depois de preso em Alexandria, em junho do ano passado. Outro grupo que estaria por trás do levante é o Movimento Jovem 6 de Abril, nascido no Facebook em 2008. Ele começou reunindo gente em apoio a uma greve de trabalhadores têxteis na cidade fabril de Mahalla. Quem quisesse aderir era convidado a vestir-se de preto e a não ir trabalhar ou estudar. Mobilizou tanta gente que passou a defender outras causas – e entrou na lista de perseguidos de Mubarak.
“As redes sociais permitiram que as manifestações fossem organizadas muito rapidamente, antes que a polícia pudesse se preparar”, diz o jornalista Abdalla Hassan. No dia 26, ele foi a uma cafeteria perto da Praça Tahrir, no centro do Cairo, e viu um protesto nascer sem alarde. De repente, eram centenas gritando, pedindo a queda do regime. Os policiais também apareceram rápido, cercaram as pessoas e isolaram a praça. Ninguém mais poderia descer na estação do metrô da Praça Tahrir. Os trens simplesmente seguiam direto: a manifestação não podia crescer.

Na sexta-feira, os manifestantes aproveitaram o dia de orações para mobilizar ainda mais gente. Centenas de milhares saíram das mesquitas entoando gritos de protesto e paz. As autoridades barraram o acesso à internet e ao serviço de mensagens de texto por celular desde a noite de quinta-feira. Antes, circulava pela rede um panfleto com instruções para os manifestantes. Entre elas, repassar o conteúdo por e-mail, telefone ou impresso, não por mídia social ou sites, vigiados pelo governo. A cartilha reunia informações práticas: o que levar – uma rosa, um escudo e um spray de pimenta –, como se proteger da polícia e para onde ir. E também fazia exigências: queda do governo Mubarak e de seus ministros; liberdade; justiça; um novo governo composto de representantes de fora do Exército que se importem com o povo egípcio; e uma boa gestão dos recursos do país. Os manifestantes têm preocupações concretas. “Olhe o preço do quilo da carne, veja quanto custa o quilo do tomate!”, disse um deles ao jornalista Abdalla Hassan.

Até a tarde da sexta-feira, Mubarak não acenara com nenhuma mudança, contrariando a orientação dos Estados Unidos, seu principal aliado. No primeiro dia de protestos, a secretária de Estado Hillary Clinton afirmou: “Nossa avaliação é que o governo egípcio é estável e está buscando maneiras de atender às necessidades e aos interesses legítimos do povo egípcio”. Na sexta-feira, o tom mudou. “Insistimos que as autoridades egípcias não devem impedir protestos pacíficos nem bloquear a comunicação, incluindo mídias sociais”, dizia o segundo comunicado. Nele, Hillary disse que os protestos “sublinham a existência de mágoas profundas na sociedade egípcia” e que o governo precisava entender que “a violência não vai fazer essas mágoas desaparecer”.

Mubarak não dera sinal de que atenderia a qualquer uma das sugestões. A Casa Branca anunciou na tarde da sexta-feira que o presidente Barack Obama estudava reduzir a ajuda anual de US$ 1,5 bilhão que os EUA enviam ao Egito, a segunda maior a um Estado estrangeiro, atrás apenas de Israel. “Vamos rever nossa postura em relação à assistência ao Egito com base nos eventos dos próximos dias”, disse Robert Gibbs, o porta-voz da Casa Branca.

Aliado antigo dos americanos, Mubarak tem um papel fundamental na manutenção da paz com Israel e como um obstáculo à ascensão de grupos radicais no próprio Egito. Além de sua população de 80 milhões de habitantes, o país é importante pela localização geográfica estratégica entre o norte da África e o Oriente Médio. O Canal de Suez, ao norte do Egito, é fundamental para o transporte do petróleo do Golfo Pérsico para o Ocidente. De acordo com Ben Whittaker, especialista de Oriente Médio do jornal inglês The Guardian, o tom de Hillary sugeria uma saída negociada de Mubarak. O envolvimento dos EUA nesse processo, ainda com a rebelião em curso, seria uma forma de garantir seus interesses de longo prazo na região. Telegramas divulgados recentemente pelo site WikiLeaks mostram que, a despeito do discurso pró-democracia, o governo de Barack Obama tem relações de grande intimidade com os egípcios. Mubarak, dizem os despachos da embaixada americana no Cairo, julga ter direito à ajuda dos EUA por causa de sua disposição em manter a paz com Israel, firmada em 1979 por seu antecessor, Sadat.

Na madrugada da sexta-feira para o sábado, depois da meia-noite no Cairo, Mubarak jogou o que pode ter sido uma última cartada. Ele foi à televisão, lamentou pelos feridos e reconheceu a legitimidade das aspirações por liberdade. Mas não fez nenhuma concessão real em relação a sair do poder. Num pronunciamento clássico dos ditadores, acenou com o caos e com o medo para justificar a continuidade de seu mandato. “O que aconteceu nos últimos dias colocou medo no coração de todos”, afirmou. “Eu jurei proteger o povo e farei isso.” Concretamente, ele anunciou que dissolveria seu gabinete no dia seguinte e apresentaria ao país, imediatamente, um novo governo, orientado para o combate à pobreza, à inflação e ao desemprego. Minutos depois do pronunciamento, as câmeras captaram os manifestantes gritando na rua: “Queremos ele fora!”.

Não há momento certo ou errado para a eclosão da democracia. O que há são obstáculos a ela

O principal temor dos americanos – e de boa parte do Ocidente – é que o Egito caia nas mãos de fundamentalistas islâmicos. Isso poderia levar a um questionamento mais incisivo da interferência americana no Egito e no resto do mundo árabe, inclusive no Iraque. Como não há uma figura forte de oposição a Mubarak, trata-se de um risco real. Gamal, o filho escolhido para lhe suceder, é uma opção praticamente inviável num contexto de rebelião. Diante desse cenário, é possível que Mubarak faça concessões para tentar se manter no poder. Mas pode ser tarde para ele. “O governo pode até acenar com reformas, mas não acredito que o povo vá se contentar com menos do que a saída de Mubarak do país”, diz o jornalista Hassan. “As pessoas pensam que a vitória está tão próxima que qualquer outra coisa não será suficiente.”

Parece ser essa a lógica dominante nas ruas dos países árabes desde a queda do governo da Tunísia. No Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, tentou conter a insatisfação popular com gestos na área econômica. Na semana passada, prometeu aumentar o salário de todos os funcionários públicos e militares. Antes, já se comprometera a mudar a legislação, limitando o exercício da Presidência a dois mandatos de cinco ou sete anos.
Israel ainda nutre a esperança de que Mubarak sobreviva. Um ministro israelense disse à revista americana Time que Israel confia no aparato de segurança egípcio para conter os protestos e garantir Mubarak no cargo. “Não tenho certeza se é o momento certo para o mundo árabe passar por um processo democrático”, disse.

Peter Macdiarmid/Getty Images e reprodução

O EGITO EM TRANSE

Carros incendiados nas manifestações ainda ardiam no Cairo na madrugada do sábado (à esq.), quando o presidente Hosni Mubarak anunciou em rede nacional, depois da meia-noite, uma reforma completa em seu gabinete – mas sem dar sinais de que deixaria o governo

Mas não há momento errado para a democracia acontecer – e sua consolidação no mundo árabe deve ser motivo de comemoração. O que existe são obstáculos a superar. O primeiro são os interesses externos de países como Israel ou Estados Unidos na manutenção de regimes que, embora cruéis para suas populações, atendem aos anseios por algum tipo de estabilidade. Diante das posições americanas dos últimos dias, esse parece ser um obstáculo menor. O segundo tipo de obstáculo, este no plano interno, é o radicalismo dos movimentos islâmicos que costuma aflorar nesses momentos.
No Líbano, em 2005, um promissor processo de redemocratização esbarrou, e ainda esbarra, no status do Partido de Deus (o Hezbollah), ao mesmo tempo uma organização armada e um partido político com votos e cadeiras no Parlamento. Na Argélia, em 1991, as primeiras eleições democráticas foram vencidas por fundamentalistas, o que provocou um golpe militar como reação. E há o espectro da revolução iraniana de 1979, que paira sobre todos os regimes autoritários do Oriente Médio. Ela começou como uma reação popular ao regime corrupto e ditatorial do xá Reza Pahlevi, apoiado pelos americanos. Terminou, como se sabe, num regime teocrático sem nenhuma semelhança com a democracia, que – acredita-se – a maioria dos manifestantes árabes gostaria de ver em seus países.

Fonte: Revista Epoca

How to Rebuild Haiti after the Quake

January 12, 2011

One year after Haiti's devastating earthquake on January 12, 2010, that killed more than two hundred thousand people and left nearly one million homeless, the country remains chaotic and desperate. Exacerbating the continuing challenges of providing adequate food, housing, and clean water following the earthquake are a deadly outbreak of cholera and a contested November 28 presidential election, which have led to renewed debate about how to rebuild the country and usher it into a more prosperous and stable future.

Global health expert Paul Farmer says international aid organizations cannot replace the government and that Haiti's public sector should be strengthened so it can provide for Haitians' needs until the government is able to do it. Brian Concannon Jr., a former election observer in Haiti, argues the United States should insist on new elections because the country needs a credible government to establish stability and rebuild. Beat Rohr, Haiti country director for CARE International, notes the recent flawed process shows that "elections and aid are not silver bullets," and that besides better governance the country needs a number of other things, including successful community-based economic and social development. Robert Maguire at the U.S. Institute of Peace suggests investment in a national civic service corps that puts Haitians to work rebuilding their country.

Paul Farmer, Kolokotrones University Professor and Chair, Department of Global Health and Social Medicine, Harvard Medical School, UN Deputy Special Envoy for Haiti

Relief is not reconstruction. The earthquake was what doctors would refer to as an acute-on-chronic event: a disaster in a setting of profound social precarity. Building back better means adding schools, hospitals, public services--and improving governance. And to do it well, we need to build foreign assistance back better, too: Only 28.8 percent of the donor dollars promised for recovery in 2010-2011 (excluding debt relief) have been disbursed. As much as half of this is eaten up by overhead, never reaching the intended recipients, and the quality of services delivered is too often poor, in spite of best intentions. In no other business would this be acceptable, and we shouldn't accept it either.

We must strengthen the public sector; until the government has resources to provide for the needs of its citizens, Haiti will remain the "republic of NGOs."

Create jobs. Even if reconstruction meant little more than massive job creation, that would be a tremendous step forward. The great majority of the $10.2 billion pledged should be dedicated to giving Haitians decent employment: clearing rubble (only 5 percent has been cleared to date), rebuilding federal buildings (all but one were leveled), and planting trees (Haiti is almost entirely deforested), for example. Fisheries and produce cooperatives generate jobs that also boost local production.

Build decent housing. As many as a million Haitians still live in camps that clog Port-au-Prince's open spaces. Conditions are unsafe and inhumane. But people stay because they have nowhere else to go; the houses they lived in--often as renters in unfavorable conditions--collapsed. Resettlement will require not only decent housing, but also healthcare, education, jobs, and other basic services.

Accompany the public sector. You can't have public health, public education, or public services without a public sector. NGOs like the one I work with cannot replace the government --nor can the United Nations or any other group. We don't have the skills or the mandate, and if aid is to work, it can't fall apart when the expats leave. Although most agree with this principle, less than 1 percent of the more than $2.1 billion in humanitarian aid has flowed to local authorities. We must strengthen the public sector; until the government has resources to provide for the needs of its citizens, Haiti will remain the "republic of NGOs."

Brian Concannon, Jr., Director, Institute for Justice and Democracy in Haiti

Haiti and the global community should lay the foundation for a more stable, prosperous Haiti by running new, inclusive elections with a new, independent electoral council. The current attempts to salvage the disastrous November 28 parliamentary and presidential elections by recounting the votes are like rearranging deck chairs on the Titanic: They will not lead to a result acceptable to the Haitian people, which will imperil both Haiti's recovery from the earthquake and long-term U.S. interests in the region.

Haiti needs a credible government with a popular mandate to establish stability and rebuild. The documented fraud and the subsequent protests that shut down Haiti down for most of December proved that the elections were neither credible nor popular. If the Haitian government and its foreign partners--especially the United States, which contributed $14.5 million, half the election's cost--persist in forcing the results of this election onto reluctant voters, the protests and disruption could continue for the next president's five-year term.

The United States should take leadership in insisting on new elections to protect its investments in Haiti--almost $2 billion spent in 2010 for earthquake response and reconstruction.

The election's problems started long before Election Day, with a stacked electoral council and the improper exclusion of fifteen opposition parties, including Haiti's most popular, Fanmi Lavalas. Turnout was less than 25 percent, and the top three candidates combined received support from 14 percent of registered voters. The solutions to the problems should therefore start at the beginning, with the installation of a new, independent electoral council and the inclusion of all qualified parties.

The United States should take leadership in insisting on new elections to protect its investments in Haiti--almost $2 billion spent in 2010 for earthquake response and reconstruction. Stability in Haiti also reduces the refugee flows that stress our border security and immigration programs, and makes Haiti less hospitable for drug transshipment to the United States.

The "realists" say that there is neither time nor money for new elections. But a few months and $30 million is a small price to pay to avoid wasting five years and the $10 billion promised for earthquake reconstruction. Good elections would also accelerate the departure of the UN peacekeeping mission in Haiti, currently spending $2.5 million per day.

Beat Rohr, Haiti Country Director, CARE International

The unresolved November 28 parliamentarian and presidential elections serve as a reminder to both national and international actors that elections and aid are not silver bullets for Haiti's endemic issues. Instead, aid and elections must go hand-in-hand with a sustained commitment to design and implement policies and programs that address the root causes of poverty and inequality in Haiti. Among the principal underlying causes of poverty that threaten Haiti's development and long-term stability are: social exclusion, poor governance, inadequate access to education and other social services, and limited economic opportunities along with environmental degradation.

During its fifty-six years of collaboration with Haiti's impoverished groups, CARE has witnessed that strategies that ignored these factors, their interconnectedness, and the voices of the beneficiaries have always failed to tackle the endemic poverty that has kept the majority of the population vulnerable to natural disasters as well as internal and external shocks, particularly in rural areas.

The Haitian government and the international community need to continue pursuing medium-term development plans to provide urgently needed shelter and improve living conditions for the vast internally displaced population and construct government institutions capable of providing services and stability. But both national actors and donors--including the United States--must also implement a long-term strategy that includes policies and programs with target actions to reduce extreme poverty in Haiti.

Among the principal underlying causes of poverty that threaten Haiti's development and long-term stability are: social exclusion, poor governance, inadequate access to education and other social services, and limited economic opportunities along with environmental degradation.

Through a participatory process, with the goals of ensuring that the needs of Haiti's most vulnerable populations are taken into account, national and international policies must address several critical development needs simultaneously by placing priorities on four deeply interconnected pillars: 1) strengthened democratic governance processes that promote national dialogue and social inclusion; 2) sound economic governance and institutional development at national, regional, and local levels; 3) economic recovery that focuses on job creation in rural and urban settings; 4) build the government's ability to provide access to basic services and social safety nets and protection. Additionally, a successful community-based economic and social development to ensure sustainable livelihoods will require the active engagement of Haiti's private sector.

Robert Maguire, Associate Professor of International Affairs, Trinity Washington University, Chair, Haiti Working Group, U.S. Institute of Peace

After last January's earthquake, "resilience" was used to characterize the strength and courage of Haiti's people. The ability to spring back quickly, however, is a mocking compliment if it becomes an end state. Spring back to . . . what? A year following the earthquake--indeed, as in the decades preceding it--the vast majority of Haitians are stuck in impoverished and desperate conditions, as opportunities for them to improve livelihoods, enhance well-being, and achieve personal growth are lacking. Haiti will become stable and prosperous only after its political and economic elites, and their partners in the international community, find ways of helping the Haitian poor transcend resilience by matching their talents to opportunities and thereby cast off grinding, debilitating poverty.

Haitian government poverty alleviation and economic growth plans in 2007 and 2009, endorsed by international donors, importantly identified decentralized investment in education, healthcare, infrastructure, environmental rehabilitation, and the productive capacity of the long-neglected agrarian economy as keys to stability and prosperity. The government's post-quake recovery and growth plan reemphasized these points, adding a call for decentralized manufacturing, agricultural and tourism "growth poles" as a means of stimulating economic recovery, and improved well-being. International donors responded by pledging close to $10 billion in support of the plan.


A year following the earthquake--indeed, as in the decades preceding it--the vast majority of Haitians are stuck in impoverished and desperate conditions, as opportunities for them to improve livelihoods, enhance well-being, and achieve personal growth are lacking.

So why is Haiti stuck? The problems are myriad and challenges enormous. On the international side, there are the problems of slow disbursements and a continuing approach of unchecked bilateralism that bypasses local and national authorities, inhibits coordination, and maintains a project-by-project approach toward development. On the Haitian side, what's striking is the timid decision-making, continued orientation of elites toward self over country, and the exclusion of poor people's voices in policymaking.

Beyond doubt, decentralization is the key to building Haiti back better. Plans to achieve this, however, not only must address the aforementioned problems, but also must assist people to move beyond resilience. Investment in a New Deal type of national service that puts Haitians to work rebuilding their country could be crucial to transcending resilience and taking strides toward stability and prosperity. It would help Haitians render services to their countrymen and women and gain transferable skills. Also needed are initiatives such as investment credits for small and micro enterprises and conditional cash transfers tied to improved education and healthcare that get money into the hands of the poor.


Authors: Paul Farmer, Kolokotrones University Professor and Chair, Department of Global Health and Social Medicine, Harvard Medical School, UN Deputy Special Envoy for Haiti


Brian Concannon, Jr., Director, Institute for Justice and Democracy in Haiti

Beat Rohr, Haiti Country Director, CARE International

Robert Maguire, Associate Professor of International Affairs, Trinity Washington University, Chair, Haiti Working Group, U.S. Institute of Peace

Interviewer(s): Toni Johnson, Senior Staff Writer




Protestos na Jordânia pressionam primeiro-ministro



A oposição jordaniana prometeu manter os protestos contra a alta dos preços e a inflação até a renúncia do primeiro-ministro e seu governo. Mais de cinco mil pessoas de vários grupos políticos - incluindo a poderosa Irmandade Muçulmana, grupos de esquerda e sindicatos - realizaram hoje o que chamaram de "Dia da Ira" na capital jordaniana, Amã, e na cidade de Irbid, norte do país.



Eles exigem que o primeiro-ministro Samir Rifai deixe o governo para que os jordanianos possam eleger seu premiê e outros ministros em vez de serem nomeados pelo rei Abdullah II. Os protestos de rua aumentaram na última semana, estimulados pelo exemplo da Tunísia e apesar das medidas do governo para baixar o preços de produtos básicos e combustíveis. As informações são da Associated Press



CAMPANHA : Abre a Copa do Mundo 2014 Salvador

ARENA FONTE NOVA


O projeto básico de reforma do Estádio da Fonte Nova é resultado do desenvolvimento do projeto elaborado para a PMI 01/2008 – Escolha de estudos preliminares e conceituais para o Estádio Octávio Mangabeira/Fonte Nova e seu entorno, acolhido pelo Governo do Estado da Bahia em 30 de setembro de 2008.

No projeto inicial do Estádio da Fonte Nova, todo o anel superior seria substituído devido ao risco de segurança, o anel inferior no lado leste receberia recuperação e reforço de estrutura e no lado oeste seria totalmente reconstruído para abrigar as novas áreas VIP, para jogadores e imprensa.

Com as solicitações do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014 – FIFA, a possibilidade de se retirar os equipamentos de atletismo do Estádio da Fonte Nova e melhorar todas as suas instalações, o projeto evoluiu, transformando o Estádio para o formato de Arena (sem pista de atletismo), porém mantendo-se o partido arquitetônico original de ferradura e com abertura no lado sul. A retirada da pista gerou alterações de geometria no Estádio, otimizando as condições de visibilidade.

Com o processo licitatório ganho pelo consórcio Odebrecht/OAS e a criação da SPE Fonte Nova Negócios e Participações, o projeto sofreu uma revisão, visando a melhora da operação do estádio e ao atendimento dos comentários de agosto/09 do LOC.

Arena Fonte Nova - Investimento R$ 591,7 milhões.


CAPACIDADE DO ESTÁDIO

A capacidade do estádio para a Copa será de 50.433 lugares, onde o setor VIP tem 880 assentos, os camarotes têm 1.127 assentos e a imprensa ocupará 3.950 cadeiras (durante a Copa do Mundo), assim a capacidade descontando-se VIP e imprensa é de 44.476 lugares, onde 3.157 são assentos de hospitalidade.

Tendo em vista o pleito de recepcionar o Jogo de Abertura da Copa, o estádio será adaptado para o cumprimento das exigências estabelecidas pela FIFA, através do seu caderno de encargos para 60 mil assentos líquidos, bem como a adaptação do Centro de Imprensa.


VÍDEO DO PROJETO DE MODERNIZAÇÃO




ÁREA EXTERNA


A nova Arena contempla soluções urbanísticas adequadas, visando o menor impacto possível em seu entorno ao meio ambiente. Um dos objetivos será a valorização de seu entorno, tornando-se um marco arquitetônico e um pólo de desenvolvimento para a região, tirando partido de sua localização estratégica. Entre as propostas urbanísticas para o entorno, se destacam a construção de um estacionamento em prédio anexo a Arena, bem como praças e via de pedestres.


Em uma área total de intervenção de aproximadamente 120.000 m².







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