Sob pressão, ditador do Iêmen diz que não buscará reeleição


O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, que governa o país há 32 anos, anunciou nesta quarta-feira que não buscará a reeleição e que fará outras concessões à oposição que, mesmo assim, manteve o chamado para que a população proteste contra o mandatário nesta quinta-feira.


Após manifestações no Iêmen inspiradas pelos protestos populares na Tunísia e no Egito, o mandatário propôs formar um "governo de unidade nacional"; indicou que atrasará as eleições legislativas previstas parta 27 de abril --muito questionadas pela oposição--; e disse querer que, antes do pleito, sejam realizadas reformas políticas.

Khaled Abdullah /Reuters

Ali Abdullah Saleh diz ao Parlamento que não buscará a reeleição e que não haverá "Presidência vitalícia" no Iêmen

"Não haverá governo hereditário nem Presidência vitalícia", disse Saleh, cujo atual mandato termina em 2013, durante uma reunião extraordinária do Parlamento e do Majlis al Shura (conselho consultivo).

A fala não foi suficiente para demover a oposição.

"A manifestação de quinta-feira se realizará como havia previsto a oposição", disse à agência France Presse Mohamed Kahtan, do influente partido Al Islah.

Saleh, reeleito por sete anos em 2006, também instou os partidos opositores, congregados no chamado Foro Comum, a "interromper as manifestações" nas ruas do país e voltar ao diálogo sobre as reformas políticas, interrompido quando as autoridades optaram por organizar as eleições legislativas em abril.

Milhares de iemenitas foram ás ruas no último dia 27 para pedir a renúncia de Saleh, no poder desde 1978 --ele validou seu mandato em 1999 pelo voto direto e foi reeleito em 2006.

Os manifestantes gritavam em vários pontos da capital Sanaa que o ex-ditador da Tunísia Zine el Abidine Ben Ali "se foi após 20 anos [de poder] e no Iêmen já se foram 30 anos e basta", aludindo à fuga do ex-mandatário de Túnis à Arábia Saudita, em 14 de janeiro, após 23 anos no governo.

CONCESSÕES

Saleh já havia oferecido concessões menores sobre o limite do mandato presidencial e pediu o aumento dos salários de servidores civis e militares para algo em torno de US$ 47 por mês (cerca de R$ 78) --em um país em que cerca de 40% da população vive com menos de US$ 2 por dia.


Mas as ofertas feitas nesta quarta-feira foram além.

Ele prometeu reabrir o registro de eleitores, uma aparente resposta a reclamações da oposição de que cerca de 1,5 milhão de iemenitas não conseguiram se inscrever.

O ditador ainda prometeu eleições diretas para governos provinciais e locais, o que dará à população voz mais ativa em assuntos locais.



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