Política externa: Patriota começa a mudar métodos no Itamaraty


Têm razão os que afirmam ser cedo demais para se dizer que houve mudanças na política externa brasileira com a presidente Dilma. Está aí, para quem quer enxergar, a omissão obviamente proposital da presidente a qualquer menção aos Estados Unidos e à Europa, referências históricas nas relações exteriores e tradicionais parceiros comerciais do Brasil, em sua primeira mensagem ao Congresso Nacional.

De todo modo, acumulam-se, aqui e ali, indícios de possíveis novos tempos no terreno ocupado durante 8 anos pelo ex-chanceler Celso Amorim, subserviente ao ex-presidente como talvez nenhum antecessor. O primeiro sinal, claro, foi a célebre entrevista da presidente ao jornal americano The Washington Post, ainda antes de assumir o cargo, em que claramente criticou a omissão do Brasil na ONU diante da violação dos direitos humanos no Irã.

Depois da posse, as reiteradas e firmes declarações de Dilma pró-direitos humanos, e sua decisão de começar as visitas oficiais pela Argentina — viagem já feita –, os Estados Unidos e a China, sem que estejam em sua agenda, ao menos por enquanto, países como Cuba, Venezuela ou Irã.

Significativo, também, vem sendo o comportamento do novo chanceler, Antonio Patriota. Nessas poucas semanas, o chanceler deu três passos interessantes, reveladores de uma grande mudança de métodos no Itamaraty e da disposição de incorporar a experiência alheia a sua gestão, a saber:

1) Em gesto inédito, solicitou às embaixadas do Brasil a oferecerem comentários e sugestões sobre a política externa do país — envolvendo os quadros do Itamaraty em uma discussão até então restrita a meia dúzia de figuras de cúpula, mais o inefável assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

2) Em atitude discreta, mas também inédita — e, no contexto, corajosa –, Patriota procurou para longa e amistosa troca de opiniões o embaixador aposentado Luiz Felipe Lampreia, chanceler durante os dois mandatos de quem, para o lulismo, é o Grande Satã: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

3) Em outro passo raro, o chanceler vem conversando com embaixadores aposentados com vivência em postos como os de representante do Brasil nos Estados Unidos e outros países de peso, na ONU, na Organização Mundial do Comércio e em diferentes organizações internacionais.

Dificilmente todos esses sinais significam que nada mudará em relação aos tempos de Lula e Amorim.

FONTE: VEJA

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