Dilma desvia de segurança e cumprimenta manifestantes do 'Veta, Dilma'

A presidente Dilma Rousseff se desviou do esquema de segurança preparado para ela em um evento em Betim (MG), nesta sexta-feira (11), e foi até a rua para cumprimentar ambientalistas e manifestantes que pediam o "Veta, Dilma".
Cerca de 90 pessoas estavam do outro lado da rua, separados por grades de segurança, gritando "Dilma pode vetar, o Brasil vai te apoiar", quando a presidente surpreendeu aos próprios manifestantes e se aproximou para cumprimentá-los.

O gesto da presidente de simpatia com a causa dos manifestantes sinaliza que ela poderá vetar partes do texto do novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso.
Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR
Após cerimônia de entrega de moradias em Betim, Dilma cumprimentou manifestantes
Setores da sociedade, principalmente os ambientalistas, afirmam que o texto do código deixa desprotegidas as florestas e matas brasileiras.

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) já disse que a presidente deverá vetar partes do texto, especialmente o que se refere a anistia dada a desmatadores.

Após cerimônia de entrega de moradias em Betim, Dilma cumprimentou manifestantesNesta sexta-feira, o deputado estadual Durval Angelo (PT-MG), que estava ao lado da presidente no encontro com os manifestantes, disse ter comentado com ela que o movimento "Veta, Dilma" está crescendo na região metropolitana de BH e que ela lhe respondeu que haverá vetos, mas sem fazer especificações.

Entre os manifestantes estavam ambientalistas sem vinculações a alguma organização, outros ligados à Amda (Associação Mineira de Defesa do Ambiente), da Apua (associação de preservação ambiental de Betim) e estudantes de biologia da PUC-MG, unidade Betim.
Os estudantes Raul Lansky, 19, e Gabriel da Luz, 21, organizadores do movimento "Veta, Dilma BH" nas redes sociais, afirmaram terem se surpreendido com a aproximação da presidente, que estendeu a mão para cerca de 20 manifestantes. "Ela não falou nada, apenas sorriu e estendeu a mão para cumprimentar", disse Lansky.
Após os cumprimentos, Dilma entrou no carro da comitiva e deixou o local.
A presidente foi a Betim (região metropolitana de Belo Horizonte) para inaugurar uma creche e entregar 1.160 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida.

CÓDIGO FLORESTAL
No dia 25 de abril, com o apoio da bancada ruralista, a Câmara aprovou a reforma do Código Florestal impondo uma derrota ao governo e deixando para a presidente a opção de veto à proposta.
Por 274 votos a favor, 184 contrários e 2 abstenções, os deputados acolheram o relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) com 21 modificações no texto aprovado pelo Senado em dezembro, que era defendido pelo Palácio do Planalto. Ainda serão analisados 13 destaques que podem modificar o texto.
O governo defendia o texto aprovado em dezembro pelo Senado, que determinava que os agricultores deveriam recompor um mínimo de 15 metros e um máximo de 100 metros das margens dessas matas, conhecidas como de preservação permanente.

POLÊMICA
O texto aprovado pelo Congresso exige apenas a recuperação de 15 metros de vegetação a partir das margens dos rios com largura de até 10 metros. Com isso, a avaliação do Palácio do Planalto é que a proposta prejudica especialmente os pequenos produtores e isenta os grandes.

A ideia que mais está avançada prevê um novo sistema escalonado de faixas de recomposição para os pequenos proprietários, que representam 82% do total de estabelecimentos do país --equivalentes a 23% da área de agriculturável brasileira, sem contar as regiões amazônicas e do pantanal.

Pelo estudo, o pequeno agricultor que tiver rio com 10 metros de largura terá que recompor 5 metros de florestas desmatadas. Para as pequenas propriedades com rios de 15 metros, a recomposição seria de 7 metros. Já nos rios acima de 15 metros, o reflorestamento obrigatório seria de 10 metros.
O modelo para os grandes proprietários ainda está sendo finalizado pela equipe presidencial. A ideia é baixar a medida provisória quando o governo definir os vetos ao texto do Código Florestal aprovado na Câmara.

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