Na sua opinião, o PIB é um bom indicador de desenvolvimento e prosperidade



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Apenas 25% dos respondentes da enquete acreditam ser o PIB um bom indicador de desenvolvimento e prosperidade, contra a grande maioria, 75%, que afirmaram o contrário.
A enquete reflete os questionamentos que, há algum tempo, vêm sendo feitos por especialistas sobre a insuficiência do PIB como instrumento para medir o progresso e o bem-estar dos países. Um dos principais argumentos é que o PIB não leva em consideração temas urgentes, como saúde, pobreza, mudanças climáticas e uso dos recursos naturais, sendo, portanto, necessário definir instrumentos capazes de medir o desenvolvimento das nações de forma mais efetiva, que contemplem não só a produção econômica, mas também outros aspectos relevantes.
A economista americana Hazel Henderson levantou críticas ao modelo do PIB há pelo menos 20 anos. Segundo ela, o critério da riqueza per capita disfarça as desigualdades vigentes, pois a métrica do PIB considera apenas o resultado da atividade econômica sem levar em conta as chamadas externalidades: os custos social e ambiental envolvidos na produção da riqueza.
Exemplo do que fala Henderson é o caso das grandes catástrofes e desastres ambientais os quais, pelos critérios atualmente adotados, acabam sendo computados de forma positiva no crescimento do PIB, pois a reconstrução das regiões afetadas por tais eventos extremos movimenta diversos setores, em especial o da construção civil e de serviços, com impactos significativos na produção de “riquezas”, na geração de empregos, entre outros.
Segundo o professor e pesquisador da Faculdade de Economia e Administração da USP, José Eli da Veiga, a verdadeira inovação será desbancar o PIB como medida de crescimento econômico. Veiga aponta o PIB como uma péssima medida, pois foi concebido para medir a capacidade de um país de sustentar uma guerra. Foi por ocasião da Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra e nos Estados Unidos, que os criadores da contabilidade nacional estabeleceram essa noção. O economista Simon Kuznets, num depoimento ao Congresso Americano à época, destacou sua preocupação de que o indicador pudesse vir a ser utilizado como medida de bem-estar, mesmo com a ocorrência de eventos que, ao contrário, não promovem bem-estar. Ou seja, se o número de acidentes nas estradas aumenta, o PIB também aumenta, porque haverá carros sendo consertados, pessoas sendo atendidas em hospitais; se a população carcerária aumenta, exigindo gastos públicos para manter esse povo todo na cadeia, o PIB aumenta também. Então, o PIB usado como indicador de qualidade de vida, de bem-estar, de prosperidade, de progresso, é um equívoco total, defende Veiga. Há décadas, tem-se debatido cientificamente em torno disso.
Em entrevista à Revista IHU Online, questionado sobre como projetar o crescimento econômico de um país sem prejudicar o meio ambiente e a qualidade de vida, e também sobre a possibilidade de se manter o equilíbrio entre economia, meio ambiente e bem-estar social, o economista Ladislau Dowbor enfatizou vários aspectos, reforçando, inicialmente, a necessidade de os empreendimentos serem economicamente viáveis, mas também socialmente justos e ambientalmente sustentáveis, o que implica rever o modo como nos organizamos, como vivemos.
As notícias sobre o que está acontecendo com a água, com o petróleo, com as espécies vivas, com os níveis de desflorestamento e de destruição do solo, entre outros aspectos, não deixam dúvida sobre o horizonte estatístico do planeta e a emergência de se rever o atual paradigma produtivo e de consumo. As grandes corporações precisam mudar seu sistema. O massacre publicitário feito pelos cartões de crédito, dizendo “a vida é agora, consuma, compre”, é profundamente idiota.
Outro ponto importante destacado por Dowbor é a participação das pessoas. Segundo ele, cada um pode, desde já, começar a se comportar de maneira ambientalmente sustentável. Nós produzimos em média, por pessoa, no Brasil, um quilo de lixo por dia. A metade disso é só embalagem: plástico, caixinhas, etc. É fundamental adotar um comportamento inteligente para mudar essa situação. Claro que a ação individual tem limites, o que pode ser exemplificado com a situação do transporte na cidade de São Paulo. Lá foram feitos grandes investimentos privilegiando o transporte individual e muito pouco foi feito para o transporte coletivo. Isso é muito burro. As ruas estão cheias, a cidade está parando e todo o ano morrem cerca de seis mil pessoas com doenças respiratórias ligadas ao enxofre, presente no combustível. Para ter um comportamento individual mais inteligente, eu precisaria e gostaria de ter um transporte coletivo de qualidade. Alguns comportamentos individuais dependem de infraestruturas sociais, finaliza Dowbor. 
Estas são algumas reflexões sobre o tema. E, você? Qual é sua opinião?
As opiniões dos especialistas foram retiradas dos seguintes textos:
VIALLI, Andrea. Um 'novo PIB' em gestação. O Estado de S. Paulo. 2009. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,um-novo-pib-em-gestacao,370940,0.htm>. Acesso em: 23/8/2010.
FALEIROS, Gustavo; COSTA, João Teixeira da. Novo olhar sobre a riqueza – Entrevista com José Eli da Veiga – Parte 1. 2008. Disponível em: <http://www.oeco.com.br/reportagens/37-reportagens/10976-oeco_25990>. Acesso em: 23/8/2010.
WOLFART, Graziela; FACHIN, Patrícia. O PIB não mede os resultados em termos de qualidade de vida da população. REVISTA IHU Online. 2009. Disponível em: <http://www.unisinos.br/ihuonline/index.php?option=com_tema_capa&Itemid=23&task=detalhe&id=1639>. Acesso em: 23/8/2010.

FONTE: ORBIS

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