Rumo ao exterior - a conquista do mercado global


O governo de Dilma Rousseff se inaugura em meio a incertezas ante a economia global. A recuperação de EUA e Europa é lenta. A dependência no crescimento dos Brics, com ênfase na China, por demais arriscada. É com este panorama que a presidente deve dar sentido prático à expansão da economia brasileira e ao resgate da dívida social.

A opção pelo mercado interno por parte do Brasil tem sido cantada emprosa e verso. Seria a responsável pela maneira incólume comque passamos pela “grande recessão” de 2008. Isso leva alguns a concluír em ser um erro a internacionalização da economia brasileira. Que não importa a pequena ênfase que o Brasil confere a mercados externos. Nada mais equivocado. A China também atravessou a crise de cabeça erguida — e ostenta 60%de seu PIB relacionado ao comércio exterior.

Muitos acreditam que a baixa participação do Brasil no comércio mundial (menos de 1%) e do comércio exterior no Brasil (17% do PIB) é fruto do protecionismo dos ricos. Tal injustiça só poderia corrigir-se por negociações do tipo “governo-a-governo”, como as tratativas União Europeia-Mercosul. A assimetria internacional não deve representar desculpa paralisante para nosso esforço de comércio exterior.

No entanto, há questões prévias, ainda mais importantes que o resultado das negociações. O Brasil quer fazer do comércio exterior sua principal via de inserção na economia global? Desejamos que o comércio exterior se torne ferramenta para a construção de poupança nacional e de recursos para investir?

Países de maior êxito na progressão de seu PIB nos últimos 30 anos:

1 - lograram acesso privilegiado a grandes mercados mediante acordos bilaterais;

2 - implementaram parcerias público-privadas que combinam a atração de Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) à capacidade exportadora, e

3 - efetivaram agressiva diplomacia empresarial articulando Estado e setor privado. Coreia do Sul, China e Chile acresceram suas rendas nacionais de maneira dramática sem ênfase a negociações pluri ou multilaterais. Apostaram em acordos bilaterais. Montaram seus próprios exércitos de promoção comercial.

Temos de substituir noções simplistas, como “o mercado pode ser interessante para o Brasil se barreiras forem eliminadas”, por questões como “qual nossa estratégia mesmo num mundo protecionista?” A história econômica ensina que a internacionalização traz mais êxito do que atrelar-se dogmaticamente ao mercado interno. Cabe aprender essa lição.

Para tanto, há um “quarteto” de prioridades:

1 - facilitação da legislação interna para empresas de vocação exportadora;

2 - ênfase nos aspectos logísticos a serem contemplados pelas PPPs;

3 - recursos humanos especializados na promoção comercial e atração de IEDs, e 4 - fortalecimento demicro e pequenas empresa mediante consórcios exportadores.

Eis os primeiros — e elementares — passos rumo à conquista do mercado global.

Marcos Troyjo é Presidente da Wisekey-Brasil e doutor em sociologia das relações internacionais pela USP.

Fonte: Brasil Econômico. Publicado em 21/12/2010.



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