Presidente é favorita para conquistar 2º mandato domingo, dizem pesquisas. Na 1ª eleição pós-Néstor Kirchner, ela deve confirmar força do peronismo.
Apontada como favorita em todas as pesquisas das eleições na Argentina, com as intenções de voto apontando uma vitória já no primeiro turno, a atual presidente do país, Cristina Kirchner, pode renovar por mais quatro anos o mandato no governo do peronismo, principal força política argentina, no poder desde 2003.
Cristina enfrentará as urnas pela primeira vez sem o marido e principal fiador político, o ex-presidente Néstor Kircher, morto em outubro. Kirchner era apontado como o provável candidato do partido. A votação ocorre neste domingo (23).
Passada a comoção com a morte do líder peronista –que impulsionou a popularidade da presidente- Cristina demonstrou força ao comandar uma reestruturação da Frente para a Vitória (FPV, a chapa governista que reúne peronistas e aliados), apostando em jovens com idade entre 25 e 35 anos nas listas para as eleições primárias.
O avanço dos “jovens kirchneristas” ou “juventude k” provocou críticas e deixou à margem vários aliados do governo, como o chefe da principal central trabalhadora do país, a CGT, Hugo Moyano, que chegou a ser cogitado como candidato e provocou a renúncia de um candidato a governador da base aliada, o senador Carlos Verna.
Apoiada na popularidade e nos bons índices de crescimento econômico (a despeito da inflação alta), Cristina ironiza. “Passei de títere do comando duplo [em referência às críticas de que não governava sem o marido] a uma deprimida crônica e agora sou uma autoritária cortadora de cabeças de candidatos utópicos”, disse durante a campanha.
PrimáriasSem sofrer aparentemente os efeitos da rebeldia em sua base, Cristina acabou obtendo mais da metade dos votos nas inéditas eleições primárias realizadas em agosto. Criada para determinar os candidatos de cada partido nas eleições para presidente, governador e Congresso, a votação acabou funcionando como um ensaio das eleições presidenciais deste domingo (23).
A presidente ficou quase 40 pontos percentuais à frente do segundo colocado, Ricardo Alfonsín, da União Cívica Radical, o que desanimou a já combalida oposição. "É improvável, se não impossível [vencer a candidata]. O objetivo [nas eleições] é ficar como a principal força da oposição", admitiu o deputado federal, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989) ao jornal argentino “Perfil”.
Além de Alfonsín, Cristina enfrentará nas urnas um conjunto de peronistas dissidentes, candidatos de centro-direita e esquerdistas, que não conseguiram formar um nome de peso na oposição.
O governador socialista da província de Santa Fé, Hermes Binner, aparece em segundo lugar na disputa, segundo as últimas pesquisas. Além dele e de Alfonsín, o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), candidato por uma fração dissidente do peronismo; a liberal cristã Elisa Carrió, que foi derrotada por Cristina no primeiro turno na eleição passada e o governador da província de San Luis, Alberto Rodríguez Saá, outro ex-dissidente peronista, estão na corrida.
‘Maior que o peronismo’Para o professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires (UBA), Martín D’Alessandro, a previsão de uma cômoda reeleição para a presidente se deve a votos heterogêneos, com diferentes motivações, entre as quais cita “a boa recepção de algumas políticas públicas’, o forte “aparato de propaganda e publicidade oficial”, a “empatia com a viuvez” e até mesmo “um voto resignado devido aos erros da oposição”.
O professor de relações internacionais Williams Gonçalves vê no legado deixado pelo marido uma fonte de apoio a Cristina. “A Argentina passou por uma situação terrível no início dos anos 2000, com a crise do modelo neoliberal imposto pelo governo Carlos Menem [1989-1999]. A partir de Kirchner, inicia essa politica direcionada para promoção do desenvolvimento e industrialização. Essa é a razão fundamental porque ela deve se reeleger.”
Ao avanço da economia e os programas de distribuição de renda, o sociólogo argentino Hugo Lovizolo acrescenta o “carisma” da presidente. “Talvez a morte do marido tenha reforçado esse carisma. Ao mesmo tempo que [Cristina] salientou o impacto [da morte], ela se manteve no seu papel de presidenta. Houve um fenômeno semelhante ao que no Brasil se dizia sobre Lula ser maior que o PT. Cristina hoje é maior que o peronismo.”
Primeira presidente mulher eleitaCristina Fernandes Kirchner, de 58 anos, se consagrou como a primeira presidente mulher eleita da Argentina ao vencer no primeiro turno, com 45,29% dos votos, as eleições de 28 de outubro de 2007.
Advogada, ela iniciou sua militância política em sua La Plata natal, na Frente de Agrupamentos Eva Perón, que se uniria a outros grupos militantes para formar a Juventude Universitária Peronista.
Nesta época, conheceu seu companheiro de toda vida, Néstor Kirchner, com quem se casou em 1975. Após o golpe de Estado de 1976, os dois se mudaram para a cidade natal de Kirchner, Río Gallegos, que se tornaria o principal reduto político do casal. Lá tiveram os dois filhos, Máximo e Florencia.
Foi eleita pela primeira vez como deputada estadual em 1989, sendo reeleita em 1993 e 1995. Em 1995 ingressou no Senado, cargo ao qual renunciou para ser eleita deputada em 1997. Em 2001 foi eleita novamente senadora. Quatro anos depois foi eleita para o terceiro mandato de senadora pela Provincia de Buenos Aires, pela Frente para a Vitória
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Fonte: G1
Fonte: G1