A possibilidade de uma ajuda aos países da zona do euro por parte das nações do chamado grupo dos Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – expõe a força dos países emergentes no cenário econômico global, afirmam reportagens publicadas nesta quarta-feira na imprensa estrangeira.
Para o diário financeiro britânico Financial Times, o esforço dos Bric “marcaria mais uma mudança simbólica no equilíbrio de forças da economia global na direção dos grandes mercados emergentes”.
Nas palavras do espanhol El País, “ao contrário das últimas décadas, quando episódios de instabilidade nas economias menos desenvolvidas contagiavam as avançadas e requeriam resgate através de organismos multilaterais, agora são os pujantes países emergentes que temem a expansão dos males que castigam os países ricos”.
Já o americano Wall Street Journal destacou que, “mesmo que ainda não esteja claro que tipo de ajuda de longo prazo as nações em desenvolvimento possam prover, o simples fato de que estejam em uma posição de ajudar ilustra a enorme transformação da economia global nos últimos anos”.
“Com os Estados Unidos, a Europa e o Japão imersos emmalaise econômica, China, Brasil, Índia e outras nações agora lideram o crescimento global.”
A possível ajuda será discutida em Washington na semana que vem (dias 23 e 24 de setembro, às vésperas de um encontro do Fundo Monetário Internacional), segundo informou o ministro brasileiro das Finanças, Guido Mantega.
Mantega não revelou que medidas poderiam ser tomadas, mas há relatos de que os países poderiam elevar as comprar de títulos soberanos denominados em euros, provavelmente de economias sólidas como a da Alemanha, para fortalecer esses papéis.
Os jornais destacam o poder de compra dos emergentes, que contam com grandes reservas internacionais: US$ 3,2 trilhões no caso da China, US$ 355 bilhões no caso do Brasil e US$ 320 bilhões no caso da Índia.
Para o WSJ, a ação dos Bric “serve como lembrete de que as economias emergentes, aparentemente isoladas, têm interesses na crise europeia”.
“A Europa é um mercado crucial para as exportações chinesas, portanto uma desaceleração europeia provavelmente teria um impacto na economia chinesa. Isto, por sua vez, seria uma má notícia para o Brasil. A maior economia da América Latina tem vivido um boom como um dos principais fornecedores de minério de ferro, soja e outras commodities para a China.”
Além disso, como têm mostrado os sobes-e-desces dos mercados, “uma catástrofe econômica no mundo desenvolvido, como um default soberano na Europa, poderia rapidamente levar investidores em pânico a retirar recursos dos países em desenvolvimento, levando as moedas e outros ativos a despencar”.
Fonte: BBC Brasil